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MinC procura produtor sete anos depois

O longa-metragem Super Colosso foi produzido em 1995 e teve quase 200 mil espectadores. Mas o Ministério ainda está atrás da prestação de contas

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de sete anos da estréia de um filme, o Ministério da Cultura ainda procura seus produtores para prestar contas. A Secretaria do Audiovisual do ministério publicou edital no Diário Oficial da União esta semana procurando, "por se encontrar em lugar incerto e não sabido", a empresa Play Vídeo Produções para Cinema e Televisão Ltda., intimando-a a devolver aos cofres públicos a quantia de R$ 2 milhões ou a prestar contas dos recursos captados. O produtor tem 30 dias para cumprir a decisão. A empresa Play Vídeo teria produzido, em 1995, o longa-metragem Super Colosso, com direção de Luis Ferré (codinome de Luiz Carlos Ferreira), aproveitando o sucesso da série televisiva TV Colosso, da Rede Globo - que já tinha acabado, na época. Ferré, que também integrava o grupo gaúcho 100 Modos, não foi localizado pela reportagem. O filme tinha no elenco Luana Piovani, estreando no cinema, além de Marcelo Serrado e dos bonecos da televisão. Chegou a ter quase 200 mil espectadores, uma carreira considerada boa para o cinema nacional em geral, mas bem abaixo das expectativas de um filme dessa natureza. A secretaria adverte os produtores para prestar contas, "sob pena de instauração de Tomada de Contas Especial", que é quando a prestação vai ao Tribunal de Contas da União. Atualmente, existem 41 filmes no ministério nessa situação. Outros 402 tiveram as contas aprovadas. Super Colosso deve devolver verbas para o Fundo Nacional de Cultura (R$ 631.260,23) e para a Fundação Nacional de Arte, a Funarte (R$ 875.647,69, mais uma multa de 50% do valor recebido, de R$ 437.823,85). Há problemas também para a identificação do produtor. Seguindo informações de integrantes da equipe do filme, a reportagem descobriu que a distribuidora e produtora Paris Filmes - que tem sede na Avenida Pacaembu - foi co-produtora da obra. "Isso é do tempo do meu pai", disse Sandi Cintra Fóz Adamiu, diretor da Paris Filmes e da América Videofilmes. Segundo ele, a empresa foi apenas co-produtora, captou os recursos por meio de incentivos fiscais, mas repassou para o outro produtor, que era na ocasião Guga de Oliveira. "Isso acontece com 80% dos filmes brasileiros, por que a prestação de contas é muito burocrática", disse Guga. "O importante é que o filme foi feito e exibido, o que é muito diferente do que fez o Guilherme Fontes, por exemplo", ele afirmou. Guga diz que, embora a idéia do projeto fosse sua e a produção tivesse sido feita pela Atmosfera Filmes (de sua propriedade), a prestação de contas certamente estaria a cargo da Paris Filmes. Segundo Sandi Adamiu, seu pai - o produtor Alexandre Adamiu, já morto - esperava que o filme fosse um bom investimento, mas frustrou-se. "Lembro que ele achou que ia ficar rico e quase ficou louco com o fracasso." O secretário do Audiovisual, José Álvaro Moisés, diz que o procedimento de notificar os produtores em atraso com prestações de contas é "rotina" na pasta e começa já no início da captação de recursos. Ele diz que as advertências são contínuas, "admitindo-se a hipótese que a cobrança não tenha chegado ao conhecimento do produtor, que ele tenha se mudado, ou tido algum tipo de problema".

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