Mexicano 'Zona do Crime' discute segurança dos ricos

Título original, 'La Zona', é o nome de condomínio com segurança máxima e que vive seguindo suas próprias leis

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Por Alysson Oliveira e da Reuters
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O suspense Zona do Crime, que estréia nesta quarta-feira, 30, se passa na Cidade do México, mas poderia ser em qualquer outro grande centro urbano. O título original, La Zona, é o nome de um condomínio de classe média com segurança extremamente bem equipada e que vive seguindo suas próprias leis. Veja também: Trailer de 'Zona do Crime'  De um lado ficam os ricos, com suas casas luxuosas e vidas confortáveis. Bem ao lado, está uma enorme favela a perder de vista. Um mundo não interfere no outro, apesar de existir uma tensão natural. Uma tempestade acaba com esse falso equilíbrio. Uma placa cai sobre o muro do condomínio, abrindo uma brecha para o outro lado. Três jovens pobres não perdem a chance de entrar naquele lugar proibido e praticar pequenos roubos. Tudo sai errado e com consequências trágicas. Eles matam uma moradora e dois deles são mortos por habitantes do condomínio, que também ferem acidentalmente um segurança. Como esse é um suspense de cunho moral, o diretor e co-roteirista Rodrigo Plá procura levantar algumas questões, em especial sobre os métodos de segurança dos mais ricos, que às vezes parecem passar por cima das leis. Embora a polícia chegue para averiguar o que aconteceu, o condomínio parece ter um acordo com o governo que dá autonomia aos próprios moradores para tomar todas as decisões. Numa reunião, os moradores decidem que vão cuidar eles mesmos do incidente, ou seja, dos corpos dos dois rapazes mortos - o terceiro está foragido. Mas essa não é uma decisão unânime. Um dos condôminos, que parece ser o mais esclarecido, é contra esse tipo de atitude, o que causa atritos dentro da própria estrutura de La Zona. Embora o filme não tenha um protagonista, o roteiro acompanha a perda da inocência do jovem Alejandro (Daniel Tovar), morador do condomínio e filho de Daniel (Daniel Giménez Cacho). O rapaz acompanha de perto o desenrolar dos acontecimentos e, aos poucos, percebe que para ter segurança, é preciso fazer algumas concessões. Apesar de carregar no melodrama - no último ato em especial -, Plá consegue passar sua mensagem de que os ricos muitas vezes se sentem acima da lei. E que a máxima "olho por olho, dente por dente" continua a valer, ainda mais nas sociedades onde as diferenças econômicas são maiores. O filme foi premiado no Festival de Veneza de 2007 com o Leão do Futuro, dado a diretores estreantes.

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