'Meu nome não é Johnny' narra aventuras de ex-traficante

Sua vida rendeu livro homônimo do jornalista Guilherme Fiúza e acabou servindo de inspiração para o filme

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Jovem da classe média, nascido e criado no Jardim Botânico, João Guilherme Estrella virou lenda ao se tornar o maior traficante de cocaína do Rio de Janeiro em meados dos anos 1990. Sua vida rendeu livro - Meu Nome não é Johnny, do jornalista mineiro Guilherme Fiúza - e acabou servindo de inspiração para o filme de mesmo nome, que chega às salas em todo o país nesta sexta-feira. A direção é de Mauro Lima (de Tainá 2 - A Aventura Continua).     Veja também:   Trailer de 'Meu Nome não é Johnny' Encontrando em Selton Mello (O Cheiro do Ralo) o intérprete ideal, o personagem ganha a verdade de uma figura polêmica a quem nunca falta humanidade. Por isso, pode-se em muitos momentos do filme simpatizar com ele, sem culpa e sem medo de se sentir defensor do tráfico ou do consumo de drogas. Lidando com tema explosivo, o filme de Lima, roteirizado pelo próprio diretor e a produtora Mariza Leão, evita tanto fazer um discurso moralista como cair num elogio ao consumo das drogas. A história, aliás, não faz uma coisa nem outra. O tempo todo mantém-se o distanciamento para retratar a fundo a experiência humana extrema e arriscada de Estrella - que, contra toda lógica, viveu para contá-la. Filho de um casal classe média normal, pai bancário (Giulio Lopes), mãe dona de casa (Julia Lemmertz), o garoto criado nos melhores colégios cariocas começa a consumir drogas escondido, com os amigos. Cheio de iniciativa, logo descobre um jeito de ganhar dinheiro com isso, ao mesmo tempo em que continua consumidor. Nessa vida de alto risco, ele ganha muito, gasta tudo, vai para a Europa com a namorada Sofia (Cleo Pires) e volta para recomeçar. Não guarda um tostão, não se preserva. João Estrella queima sua própria vida como um fósforo de alta combustão. Eventualmente, a polícia entra no circuito, mas apenas para tentar levar uma parte dos lucros. A cena em que dois policiais passeiam com João pela noite, calcada de humor negro, é bem representativa dessa grande discussão sobre as autoridades que o cinema brasileiro tem levado para a sociedade, aqui numa chave mais cínica e menos violenta do que em Tropa de Elite - o grande sucesso de 2007. Chega o dia em que a casa cai e João vai parar na cadeia, em 1995. Lá descobre um mundo onde sua lábia não serve. Lá dentro, ele vai ser tratado de playboy e fazer um rápido aprendizado de adaptação para sobreviver. Quando seu caso cai nas mãos de uma das juízas mais rígidas do Judiciário (Cássia Kiss), ironicamente o traficante bon vivant encontra sua interlocutora mais sensata. Depois de uma detenção que ficou reduzida a dois anos, João teve condições de pagar seus erros e também recuperar-se. Hoje, ele é produtor musical no Rio de Janeiro. (Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.