Há uma maldição do Oscar. Tem sido infalível – os campeões de indicações para o prêmio da Academia têm sido os grandes derrotados na festa. Martin Scorsese sabe disso. Com Gangues de Nova York e O Aviador, duas de suas cinco parcerias com o astro Leonardo DiCaprio, ele teve o máximo de indicações e o mínimo de prêmios. Steven Spielberg, também. No ano passado, campeão de indicações com seu Lincoln, ele viu o filme receber apenas uma estatueta de Academia, a de melhor ator para Daniel Day-Lewis. Por essa lógica, Trapaça e Gravidade, os campeões deste ano, cada um com dez indicações, que se cuidem. Poderão ser atropelados pelo novo Scorsese, O Lobo de Wall Street, e por 12 Anos de Escravidão, de Steve McQueen, que concorrem, respectivamente, em cinco e seis categorias.
Não há que levar a regra longe demais, até porque David O. Russell e Alfonso Cuarón têm papado prêmios e bilheterias, e isso avaliza as aspirações de ambos (o filme do segundo é melhor, ressalte-se). Mas O Lobo possui uma característica – ou vantagem? Márcio Fraccaroli, da Paris Filmes, distribuidora do Lobo no Brasil, aposta no mercado – ele garante que o filme de Scorsese é o mais comercial desta safra do Oscar. Tem tudo o que o público gosta – sexo, drogas, palavrões e rock’n’roll (na verdade, rap). O máximo da incorreção política – contra mulheres e gays, mas não contra negros. Há que tomar cuidado com o assunto, e o Lobo, afinal, vai perder para 12 Anos, ou alguém duvida?