"Mensageiras da Luz" emociona em Locarno

Filme brasileiro sobre as parteiras da Amazônia emocionou o público presente na Semana da Crítica do Festival de Locarno

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Por Agencia Estado
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O filme Mensageiras da Luz, do cineasta e jornalista carioca Evaldo Mocarzel, provocou viva emoção no público que lotou o cine Kursaal, dentro da mostra paralela Semana da Crítica, do Festival de Locarno. Pode-se dizer que 80% dos espectadores eram mulheres e entre elas muitas parteiras do Primeiro Mundo, acostumadas a se servirem de equipamentos e condições modernas nos partos, quer como independentes ou nos hospitais e clínicas suíços. Fora a comparação com os métodos empíricos das parteiras amazonenses que fazem o trabalho do parto em casa, pois as mães vivem em lugares distantes, o filme joga com a luz (atenuada por nuvens, refletida no rio ou num sol que desponta ou se põe) e com as águas, numa referência ao líquido amniótico das placentas. Impressionou também o otimismo e a vocação das parteiras amazonenses, algumas sem qualquer instrução, mas entusiasmadas pela vocação de trazer crianças à luz que, segundo elas, as aproxima do sobrenatural. Num momento em que explodem os custos médicos europeus e que o recurso às cesarianas é utilizado pela medicina comercial, chega a ser comovente a maneira como as mensageiras da luz acentuam serem benévolas, sem qualquer retribuição monetária por seu trabalho. O parto mostrado, que seria normal mas que se transformou num parto complicado, criou um clima tenso que, com o nascimento do bebê, provocou lágrimas de contentamento em muitos espectadores. A ausência de Evaldo Mocarzel ou de outra pessoa da equipe, para explicar o desenvolvimento das filmagens, implicou na anulação do habitual debate com o público. Mas duas enfermeiras obstetras suíças, Hanna Buehler e Eveline Fluckiger, aceitaram dar suas opiniões sobre alguns aspectos que poderiam ser diferentes em maternidades modernas. Elas consideram as parteiras do filme como verdadeiras heroínas e se declararam emocionadas com seu trabalho, pois fazem tudo sem a ajuda de remédios e sem um serviço pré-natal.

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