
30 de novembro de 2020 | 17h57
Anos atrás, Ben Falcone e Melissa McCarthy começaram a escrever um roteiro que ele esperava que destacasse as habilidades cômicas dela.
Então, surgiu Missão Madrinha de Casamento (2011) de Paul Feig , e Melissa, como o mais excêntrico dos personagens coadjuvantes, praticamente roubou a cena, com ajuda do personagem de Falcone, Air Marshal Jon, e alguns enormes sanduíches de carne e queijo. Levando-nos a especular a respeito de seu casamento na vida real.
O triunfo de Melissa abriu portas e Tammy, o roteiro de longa gestação do casal, ganhou as telas de cinema. Então, foram mais três parcerias - ela como a estrela e ele como o diretor de A Chefa, Alma da Festa e agora Superintelligence, que estreia quinta-feira na HBO Max.
Desta vez, Melissa interpreta Carol Peters, a pessoa mais comum na Terra, de acordo com uma inteligência artificial (dublada por James Corden) que está ponderando se deve salvar, escravizar ou destruir a humanidade. Em três dias. Nenhuma pressão: a decisão da inteligência artificial - e o destino do mundo - depende muito de Carol ter ou não coragem de ir atrás de George (Bobby Cannavale), sua paixão que desapareceu.
Quando o roteirista do filme, Steve Mallory, que também escreveu A Chefa com eles, apresentou a ideia, Falcone pediu para participar imediatamente. Melissa tinha seu próprio pedido. O protagonista tinha sido originalmente escrito como um homem. “Podemos mudar isso e o papel ser meu?”, ela perguntou. "Porque estou extremamente interessada nisso."
Atualmente, Melissa, Falcone e suas filhas, Vivian, 13 anos, e Georgette, 10 anos; estão passando a pandemia na praia de Byron Bay, Austrália. Por que a Austrália? Em uma entrevista por vídeo, o casal - brincando alegremente sobre o fato de os pais dos colegas das filhas quererem ser seus melhores amigos - falou disso, assim como da parceria criativa, a arte sombria da comédia e manter a família unida. A seguir estão trechos editados de nossa conversa.
MELISSA: As duas coisas andam juntas. Onde possamos fazer algo, arrumamos as malas, montamos a tenda e vamos todos juntos, e é isso que geralmente se apresenta como melhor opção.
FALCONE: Tínhamos acabado de terminar um filme de super-heroínas chamado Thunder Force. Chegamos em casa e prometemos às nossas filhas: "Acabou". E então a covid-19 chegou.
MELISSA: Em seguida, recebi uma ligação dizendo: “Você consideraria ir para a Austrália para filmar Nine Perfect Strangers?” [Essa série é baseada no romance de Liane Moriarty e também estrelada por Nicole Kidman.] E eu disse: “Não posso levar minha família para o outro lado do mundo.” Nós dois pensamos: “Isso é uma loucura. É algo impossível de se fazer.” E nossa filha mais velha saiu de sua aula no Zoom para almoçar e, sem hesitar um segundo, ela disse: "Devíamos partir hoje."
FALCONE: Liz Banks me enviou a mais estranha das mensagens de texto enquanto o mundo inteiro só falava de pandemia.
MELISSA: Isolamento.
FALCONE: E só havia uma palavra: “Margarita?” Então começamos um Zoom com Liz e [seu marido, Max Handelman]. E depois, mais amigos começaram a participar.
MELISSA: Então Ben disse: “Vou assistir a um filme vencedor do Oscar todas as semanas”. E todo mundo disse: "Vou fazer isso também." Para Lawrence da Arábia, Steve Mallory apareceu completamente vestido à caráter. E, um por um, todos saíram e voltaram para o Zoom e depois víamos seus lençóis, toalhas, plástico filme, essas coisas banais de casa. Agora estamos - qual o foi o último filme?
FALCONE: Nosso último filme foi Laços de Ternura, que seria de 1984.
MELISSA: E metade da diversão é ver como cada um vai se vestir. É um bando de gente fantasiada xingando no Zoom, tomando alguns drinks.
FALCONE: Conversando sobre esses grandes filmes ao longo da história
MELISSA: Tentando lembrar como é sair com os amigos.
MELISSA: Estamos sempre no meio de algum processo criativo. Seja em torno da mesa de jantar com as crianças, ao fazer o café da manhã. É sobre isso que conversamos e não sentimos como se fosse um trabalho para nós. Há muitas e diferentes coisas acontecendo ao mesmo tempo, e um projeto criativo alimenta o outro.
MELISSA: Ele escreve algo, eu escrevo algo. É um fluxo e refluxo constante. Eu sempre descrevi isso assim, se ele diz azul, eu digo verde, então juntos pensamos: "Oh, roxo. Vamos fazer isso."
FALCONE: Encontrar três horas por dia para escrever é complicado. E com Tammy, chegamos a escrever no carro.
MELISSA: Não tínhamos escritório e as crianças eram tão pequenas que muitas vezes sentávamos na entrada da garagem ou na rua e apenas escrevíamos, porque era o único momento em que podíamos encontrar um espaço tranquilo. Tenho certeza de que parecia que estávamos procurando um lugar para roubar.
MELISSA: A combinação de nossa dependência da tecnologia com amor e humanidade - achei que Steve atingiu um equilíbrio adorável.
FALCONE: Parecia um filme maravilhoso, daqueles que se continua falando mesmo anos depois, super engraçado e que conversa com todos, mas também há um charme e uma seriedade de conteúdo. Faz lembrar aqueles tempos em que o filmes não recebiam aquele rótulo de “você vai ser apenas isso”.
MELISSA: Eu não concordo em ter que escolher apenas um caminho. De algum modo, nos últimos 15 anos especialmente, era como, se um filme é uma comédia, ele é apenas uma comédia. Lembro de filmes como Antes Só do que Mal Acompanhado. Eu rio tanto, eu choro tanto, isso acaba comigo e me encanta. Queremos contar mais histórias tão confusas quanto vida real.
TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA
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