Marilyn está viva em 13 DVDs

A estrela, que morreu há 40 anos, aos 36 anos, tem lançados, pela Fox, 12 filmes numa coleção de duas caixas com vários dos seus melhores momentos no cinema. A série é completada por um documentário sobre seus últimos dias

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Por Agencia Estado
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"Ela era tão jovem e bonita, tão tímida e nervosa naquele filme, mas me lembro bem de Marilyn sob o sol nos fundos do quintal da casa onde todos morávamos. Quando andou pela cena com seu maiô, quando ia para sua cadeira, toda a equipe ficava em suspense, boquiaberta e paralisada. Eles paravam o que estavam fazendo para olhá-la. Marilyn possuia algo elétrico..." Assim, a atriz June Haver se lembra de Marilyn Monroe, aos 25 anos, quando filmou com ela O Segredo das Viúvas, em 1951. A 20th Century Fox Home Entertainment Brasil lança agora, por ocasião dos 40 anos da morte de Marilyn (dia 5), a Coleção Marilyn Monroe em DVD, 12 filmes da estrela ícone dos anos 50-60, mais um documentário Marilyn Monroe: o Fim dos Dias. São duas caixas cada uma com seis filmes, custando R$ 177,90 (cada box) e R$ 34,90 (cada DVD). No box 1, há Quanto Mais Quente Melhor, Os Homens Preferem as Loiras, Nunca fui Santa, Torrentes de Paixão, O Rio das Almas Perdidas e Almas Desesperadas. No box 2, O Pecado Mora ao Lado, Os Desajustados, Adorável Pecadora, Como Agarrar um Milionário, O Inventor da Mocidade, O Mundo da Fantasia. Se você for um fã incondicional, compre as caixas e aproveite. Os extras quase sempre são trailers e galeria de fotos, apenas. Em Quanto mais quente, melhor, há um documentário e em O Pecado Mora ao Lado tem documentário e cenas excluídas. Marilyn Monroe, a rigor, só fez dois grandes filmes, o drama A Malvada e a comédia Quanto Mais Quente, Melhor. Este, de 1959, dirigido por Billy Wilder, é considerado por muitos a melhor comédia da história do cinema. Também a atuação de Marilyn é vista como das melhores que teve. Em preto e branco, o filme começa em 1929, em Chicago. O saxofonista Joe (Tony Curtis) e o contrabaixista Jerry (Jack Lemmon) vêem, sem querer, um massacre cometido por mafiosos. Perseguidos, vestem-se de mulher e se metem num trem que vai para Miami, como membros de uma banda de jazz feminina. A cantora é Sugar Kane (Marilyn). Joe se apaixona por ela, mas na sua encarnação feminina, fica amiga de Sugar. E finge ser um milionário que fala como Cary Grant, que Sugar resolve conquistar . Jerry, por seu lado, aproveita sua condição "feminina" para receber as atenções do milionário Osgood (Joe E.Lewis). A comédia é inteligente e engraçada, com muito duplo sentido e ambiguidade sexual. Marilyn está mais gorda (estava grávida na época, depois perdeu o filho num aborto), mas raramente esteve tão sexy, em vestidos transparentes que parecem lingerie. Os Homens Preferem as Louras, de 1953, traz Marilyn como uma corista, Lorelei Lee que, ao lado de Dorothy Shaw (Jane Russell), faz uma viagem de navio para a França. A bordo , tentam caçar maridos ricos, mas são denunciadas e acabam sem um tostão em Paris. Vão trabalhar num show e logo a polícia vai atrás de Lorelei, acusada de roubo de um colar. O roteiro é bobo, mas Marilyn e Jane estão ótimas, bem como os números musicais. O clipe de Madonna, Material Girl foi copiado de Diamonds are a Girl´s Best friend. A direção é de Howard Hawks. Nunca Fui Santa, de 1956, é baseada numa peça de William Inge e dirigido por Joshua Logan. Tem Don Murray (uma raridade: um ator bonito e da mesma idade de Marilyn, como seu interesse romântico) como um caubói de rodeio que sai de Montana para descobrir "um anjo" para casar. Fixa-se em Cherie (Marilyn), cantora que o encanta com uma versão ruinzinha de That Old Black Magic. Ela bem que o avisa de que não é nenhum anjo, mas ele só vai prestar atenção nela depois de virtualmente raptá-la e levá-la num ônibus. Numa parada, as coisas se esclarecem e Cherie acaba gostando do rapaz. Uma das melhores atuações dramáticas da estrela. Primeira nudez de Marilyn no cinema foi em 1963 Torrentes de Paixão é de 1953. Dirigido por Henry Hathaway, tem Marilyn ótima como uma mulher má, usando vestidos escarlates e até um roupão com peles. Ficou nua pela primeira vez no cinema, tomando banho atrás de uma cortina. Casa-se com um veterano de guerra meio pirado (Joseph Cotten) e vai passar a lua-de-mel em Niagara Falls. Mas tem um plano para o amante (Richard Allan) matar o marido, mas as coisas dão errado e o ex-soldado quer vingança. O filme é esquemático e fraco, mas virou cult por causa de Marilyn. O Rio das Almas Perdidas, de 1954, é um faroeste que Marilyn achava o pior filme de sua carreira, com alguma razão. Ela é uma cantora-prostituta numa cidade de mineiros. Entre um jogador egoísta (Rory Calhoun) e um fazendeiro (Robert Mitchum), ela acaba com este num barco por um rio turbulento. Nem Marilyn salva a ação. Almas Desesperadas foi feito em 1952, Marilyn é uma babá contratada por um hotel, que se envolve num crime e é psicótica. Um hóspede do local (Richard Widmark) percebe e a ajuda. Mas ela o confunde, nos seus delírios, com o noivo que morreu na guerra e a deixou traumatizada. Em O Pecado Mora ao Lado, de 1955, há a mais famosa imagem de Marilyn Monroe, aquela do vestido branco levantado pelo ar que sobre da grade de ventilação do metrô. Uma comédia de Billy Wilder, com roteiro de George Azelrod, é muito falado e teatral e Tom Ewell não é uma boa escolha para fazer o marido que aproveita a família estar longe para tentar conquistar a modelo vizinha do apartamento de cima. Ele está com "a coceira dos 7 anos", começa a beber, a fumar e a falar sozinho, além de cantar a garota. Os Desajustados, de 1961, é o último filme de Marilyn Monroe e também a despedida de Clark Gable. Além disso, tem ainda Montgomery Clift e Eli Wallach, direção de John Huston e roteiro de Arthur Miller, então marido de Marilyn. Esta é uma mulher, Roslyn, que vai para Reno se divorciar e se envolve com um caubói veterano e seus dois amigos. Ela acaba com Gable, mas tem uma decepção quando o vê, juntamente com os outros, pegando cavalos selvagens para serem vendidos para uma fábrica de ração de cachorro. A cena dos cavalos é desagradável de ver pela violência com os animais. O roteiro é excessivo, superficial, embora discutindo o fim dos caubóis de verdade. Cheio de tristeza e cenas sombrias, o filme revela que Marilyn e Gable parecem estranhos, sem química, o que não acontece entre a ela e Clift, só que há poucas cenas dos dois juntos. Marilyn está bela, angelical, vulnerável. Adorável Pecadora é uma comédia romântica juntando Marilyn a Yves Montand, que se apaixonaram durante as filmagens. Não é um bom filme. Montand é Jean-Marc Clément, um milionário francês cuja vida de playboy é satirizada por um musical off-Broadway. Ele se apresenta como um ator inexperiente, sósia do ricaço e se apaixona pela estrela do show, Amanda, que resolve ajudá-lo a aprender a atuar. Marilyn não está bem, parece cansada ou doente, maquiada demais e atua artificialmente. Pelo menos canta My Heart Belongs to Daddy, mas não salva o filme. Com direção de Jean Negulesco, Como Agarrar um Milionário tem Lauren Bacall, Betty Grable e Marilyn como três modelos que alugam um apartamento em Nova York para conseguirem dar golpes do bau. Mas as três acabam casando com os homens pobres que amam. Marilyn está muito divertida como a míope cabeça oca que não pode usar óculos diante dos homens. Talvez seja o único filme que tem duas loiras burras. A outra é Betty, que até a chegada de Marilyn, era a rainha da Fox. Uma cena famosa é a de Marilyn no avião para Kansas City, que ela acha estar indo para Atlantic City. O prólogo musical é meio ridículo hoje, mas na época foi concebido para exibir o som estereofônico. Cary Grant e Ginger Rogers são os astros de O Inventor da Mocidade, em que Marilyn é Lois Laurel, secretária do chefe de Grant. Este e Ginger tomam uma poção que os faz voltar à adolescência e à infância. Um filme menor, em que Marilyn é pouco mais que um objeto de decoração. Ela não queria fazer O Mundo da Fantasia, de Walter Lang. Mas acabou filmando a história na qual ela aparece com uma espécie de Carmen Miranda loira. Mas é ótimo seu número musical Heat Wave, em que ela flerta com os dançarinos e faz uma dança tórrida, à maneira de Mae West. Marilyn tem uma atuação interessante como a garota que se transforma numa cantora de sucesso, mas o filme é superficial. O documentário O Fim dos Dias conta a história de Marilyn, dirigido por Patty Ivins, é narrado pelo ator James Coburn. O centro do roteiro é o filme que ela deixou inacabado, Something´s Gotta Give, ao lado de Dean Martin. Há entrevistas, trechos de arquivos inéditos e uma reconstrução inédita do filme, incluindo cenas de nudez.

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