Maria Fernanda fala de sua estréia no cinema

Interpretando a personagem Capitu de Machado de Assis no filme Dom, o primeiro do dramaturgo Moacyr Góes, ela ganhou o Kikito de melhor atriz em Gramado

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Por Agencia Estado
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Por onde Maria Fernanda Cândido passou em Gramado, a morena de olhos verdes comparada inicialmente a Sophia Loren atraiu o flash dos fotógrafos, especialmente depois de conquistar o Kikito de melhor atriz desta 31ª. edição do festival. Eleita também uma das mulheres mais bonitas do país, a atriz ganhou a imagem eternizada nas telas, ao estrear no longa Dom. Para ela, o prêmio não foi a consagração de uma carreira no cinema, mas o início dela. A ex-modelo emprestou a beleza e as curvas ao interpretar uma versão de Capitu, célebre personagem saída da imaginação do escritor Machado de Assis. "Senti uma pressão por encarnar uma personagem conhecida, da qual todos têm uma idéia definida. Com ambições artísticas, a minha Capitu é uma adaptação livre", diz a atriz paranaense de 29 anos. No longa-metragem que estréia nos cinemas brasileiros no dia 12 de setembro, Maria Fernanda contracena com Marcos Palmeira, no papel de Bento - um engenheiro que ganhou esse nome em homenagem ao personagem do livro e passou a acreditar estar predestinado a viver a mesma história. A dupla, que já havia dividido cenas na novela "Esperança", protagoniza seqüências de sexo, que ilustram a obsessão de Bento pela mulher que ele acredita tê-lo traído. "Eu confiei no senso estético apurado de Moacyr Góes (diretor que também debuta no cinema)", conta Maria Fernanda, que prefere não discutir o status de símbolo sexual. "Sou uma pessoa tranquila", garante. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida à Agência Estado, em Gramado. Elaine Guerini - As atrizes geralmente têm uma visão romântica do primeiro filme. Sua estréia em set de filmagem correspondeu às expectativas? Maria Fernanda - Não tinha muitas expectativas. O que tinha mesmo era vontade de fazer, principalmente por ter uma formação voltada para cinema. Eu estudei três anos com Fátima Toledo, que realiza um trabalho de interpretação para cinema, aprofundando-se na linguagem do veículo. Esse momento foi muito esperado. Diferentemente da televisão e do teatro, a interpretação do ator para o cinema fica registrada para sempre... Não pensei nisso. Mas tive sorte por contar com a direção de Moacyr (que migrou do teatro ao cinema). O cinema brasileiro acaba de ganhar um grande diretor. Seu bom gosto, sua delicadeza e sua sensibilidade estão estampadas no filme. Suas personagens na televisão são sensuais. No cinema, no entanto, você parece ter explorado ainda mais essa faceta, principalmente nas cenas mais ousadas com Marcos Palmeira. Não sinto ter avançado nesse sentido, de carregar mais na sensualidade. Apesar de preferir não pensar comparativamente, acho que Paola (da novela Terra Nostra) e Nina (de Esperança) eram igualmente sensuais. Em Dom, Moacyr encontrou medida certa para passar o que ele queria esteticamente, para dar conta da proposta que tinha em mente. O resultado é muito bonito. Até que ponto os atores podem trabalhar na química, quando fazem par romântico nas telas? Como trabalhou isso com Marcos Palmeira? Isso é sempre uma surpresa. Não tínhamos idéia se ia funcionar ou não até começarmos a trabalhar juntos nos ensaios. O mesmo ocorreu com Bruno (Bruno Dias, que interpreta o amigo que desperta o ciúme de Marcos Palmeira). Só com muita leitura e ensaio pudemos chegar preparados ao set para rodar. A filmagem em si foi relativamente curta. Durou apenas um mês. Em compensação, trabalhamos muito antes, o que foi fundamental para nos deixar afinados. Quando você estourou, em "Terra Nostra", surgiram comparações com Sophia Loren. Isso ainda acontece ou você não precisa mais de introdução? Acho que não preciso mais. Há tempos ninguém fala isso. Mas, se quiser comparar, não vejo problema. Sei o que eu sou. Sei o que está dentro de mim, o que penso da vida, no que acredito. E principalmente sei o que estou fazendo aqui. Isso me basta.

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