PUBLICIDADE

'Maré de Azar' faz humor com ambiente de trabalho

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Mike Judge, criador da série "Beavis e Butt Head", assina o roteiro e a direção dessa comédia mezzo-engraçada, mezzo-depressiva em que, como o título brasileiro entrega, chamar de inferno astral a crise do protagonista é pouco. Em "Maré de Azar", que estreia no Rio e em SP na sexta-feira, todo personagem é estranho, com algum desvio de comportamento, como parece ter se tornado padrão nas comédias norte-americanas. Às vezes é engraçado, às vezes, não. Joel (Jason Bateman, de "Juno") é um químico dono de uma pequena fábrica de xarope. Os negócios vão mais ou menos, e só pioram quando um dos empregados (Clifron Collins Jr) sofre um acidente de trabalho e ameaça processar o chefe. Outra funcionária é preguiçosa e racista e implica com todos os funcionários mexicanos. Em casa as coisas não vão bem. Há meses, a mulher de Joel, Susie (Kristen Wiig,de "Uma Noite Fora de série"), se recusa a fazer sexo. E seu vizinho chato não o deixa em paz. Enfim, a vida do químico é uma maré de azar. Mas ele acredita que tudo pode mudar com a chegada de Cindy (Mila Kunis, de "O Livro de Eli"), uma nova funcionária bonita, interessada e oferecida. Seu amigo Dean (Ben Affleck, de "Intrigas de Estado") lhe dá conselhos improváveis e drogas recreativas. Entre as sugestões, está contratar um amante para seduzir Susie, assim Joel poderá traí-la sem se sentir culpado. O plano entra em ação, mas Cindy não é bem o que parece ser. Logo na primeira cena, ela mostra-se uma trambiqueira. E, agora, além de tentar dar um golpe em Joel, ela induz o funcionário acidentado a processá-lo. Os personagens são estereótipos ambulantes -- o que não chega a ser ruim, dada a proposta do filme. J. K. Simmons ("Garota Infernal") é o encarregado da pequena fábrica de Joel, incapaz de guardar o nome dos funcionários tamanho é seu descaso com as pessoas. Já Gene Simmons, da banda Kiss, é um advogado exaltado que é mais assustador do que quando está com a maquiagem típica de seu grupo de música. Como mostrou em seu primeiro longa, "Como Enlouquecer seu Chefe", Judge se interessa pelo ambiente de trabalho e sua influência na vida pessoal e do grupo. Afinal, muitas vezes, as pessoas passam mais horas no trabalho do que em casa. Ele parece encontrar uma desumanizarão na vida corporativa e organizada, e querer tirar humor disso. Ideia bem sacada que nem sempre é bem traduzida para o cinema. Em "Maré de Azar" as piadas acontecem sucessivamente e, ainda assim, o filme não é tão engraçado, pois o ritmo não flui com a leveza que deveria e o resultado final mais parece uma sucessão de gags, como um programa humorístico ou uma sitcom. "Maré de Azar" quer, com seu humor estranho e comentários sociais, falar de pessoas simples, de gente comum que ganha a vida trabalhando honestamente e vive sem muito glamour. As piadas de Judge não devem agradar a todos, mas sempre há algo de engraçado. O problema é ter de aturar tudo o que vem junto em troca de algumas boas risadas. (Por Alysson Oliveira, do Cineweb) * As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.