Madonna quer esquecer seu novo filme

Fracasso de público e crítica, Destino Insólito não é mais assunto para a diva. Agora, sua estratégia é promover o novo 007 e o single com a música tema

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Por Agencia Estado
Atualização:

Destino Insólito começa a virar assunto do passado na vida de Madonna. O filme que estreou na semana passada como um dos maiores fracassos da carreira da estrela vem sendo convenientemente colocado de lado no grande esquema de divulgação dela: o assunto agora é Um Outro Dia Para Morrer, o novo filme de 007. A imprensa sensacionalista norte-americana ainda tenta criticar a parceria de Madonna com Guy Ritchie, mas a tarefa se mostra difícil, já que, aparentemente, nem os fãs estão interessados no filme. O remake dos anos 70 repete a trajetória de Surpresas em Shanghai, de 1986, em que Madonna contracenou com o então marido Sean Penn: foi rodado com baixo orçamento em uma locação remota e considerado "um fruto do amor". Ambos os filmes foram detonados pela crítica e não despertaram nenhum interesse do público. Destino Insólito, no entanto, ainda tem o agravante de nem conseguir fazer a cantora parecer bonita. A falta de tato na escolha de projetos cinematográficos é um dos mais intrigantes aspectos da personalidade de Madonna - conhecida justamente por suas estratégias invejáveis no campo da música. Quando se trata de filmes, a estrela parece se deixar levar facilmente por razões emocionais. A amizade com Rupert Everett rendeu a bomba Sobrou Para Você. A necessidade de fazer um trabalho "intelectual" resultou em Olhos de Serpente. A paixão por Ritchie deu em Destino Insólito, enquanto na música, ela em geral consegue manter o foco no poder de venda, na qualidade e principalmente na atualidade de cada produto. De acordo com a análise da revista norte-americana Entertainment Weekly, ninguém vai sair muito prejudicado com o fracasso do filme. A produção teria custado "apenas" US$ 10 milhões, que devem ser recuperados depois do lançamento em vários países, além da venda dos direitos para DVD e televisões. O trabalho também não deve atrapalhar a carreira de Ritchie, já que seus filmes de ação recheados de violência têm um público cativo. Para os representantes da Screen Gems, o braço "artístico" da Sony Classics, a idéia sempre foi tratar Destino Insólito como um "lançamento limitado", ou seja, presente em poucos cinemas. Assim, mantêm-se baixos os custos com copiagem e divulgação. Para outros analistas da indústria, a verdade é que todos sabiam que a produção não tinha chances de chegar a muitos cinemas e preferiram evitar o prejuízo e o constrangimento de colocar a fita na competição com filmes como Dragão Vermelho ou Punch Drunk Love, de Paul Thomas Anderson. A assessoria de Madonna adotou imediatamente a estratégia de concentrar as atenções no sucesso do single Die Another Day e na rápida aparição de Madonna em Um Outro Dia Para Morrer. "Vamos dar uma folga para a garota", esbravejou a assessora Liz Rosenberg ao jornal New York Post. "Ela não está nem um pouco preocupada que os críticos não entenderam Destino Insólito. Está, sim, muito feliz porque tem mais um sucesso no rádio." No web site oficial da cantora, no endereço www.madonna.com, as notícias recentes falam apenas de 007. O New York Post vem tentando fazer Destino Insólito render mais um pouco: flagrou Sandra Bernhard saindo do cinema na segunda-feira e publicou uma pequena reportagem em que a ex-amiga de Madonna ficou sem jeito de dizer que não tinha gostado da fita. Em outra edição, acionou a pensadora Camille Paglia para analisar o episódio: "O maior erro de Madonna foi ter brigado com Bernhard", disse a autora. "Mas ela não consegue ter ninguém de personalidade forte por perto." Rosenberg comentou apenas que acha que Paglia nunca conversou com Madonna. "Ela não sabe nada do que acontece na vida de Madonna, que, por sinal, ainda fala com Bernhard", disse. Em fases de baixa, nada melhor do que polêmica. Assim, o clipe de Die Another Day, que inclui duvidosas cenas de tortura, com a cantora se retorcendo em uma sala lúgubre, vem sendo motivo de discussões: o trabalho estaria ofendendo grupos judaicos por trazer referências anti-semitas. "Madonna não gosta de analisar a fundo seus trabalhos, mas fez este clipe com o maior respeito", diz Rosenberg. Para alívio dos fãs, a próxima parada é na música. Tentando garantir uma repetição do sucesso de Music, ela gravou o novo disco com o produtor francês Mirwais. O trabalho, convenientemente, chega ao mercado apenas no ano que vem, quando o público vai ter apagado as fotos de divulgação de Destino Insólito da memória. O lançamento vai ser a prova final: o julgamento alterado da Madonna-em-fase-mãe-de-família está limitado apenas ao cinema ou vai acabar afetando também a música?

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