Locarno vê obra completa de Carlos Adriano

Em entrevista à Agência Estado, o diretor brasileiro comenta a retrospectiva de seus seis filmes no festival suíço

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Por Agencia Estado
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Convidado especial da mostra Cineastas do Presente, In Progress, o brasileiro Carlos Adriano exibiu numa sala especial sua obra completa em curta e média-metragem, considerada a mais original e criativa pelos responsáveis do Festival. Carlos Adriano veio a Locarno, com seu produtor, Bernardo Vorobow. O produtor nega que seja uma "tarefa suicida" a de produzir filme não comerciais como os de Carlos Adriano. "Quando assumi essa tarefa, que considero um prazer, foi por considerar sua obra maravilhosa", diz. "Se me perguntarem qual o melhor filme dos seis filmes eu direi que é o proximo, o sétimo, em produção, cujo título será Um Caffé com Miécio (referência ao cartunista brasileiro)." Na entrada do cinema em que foram projetados seus seis filmes, Carlos Adriano deu a seguinte entrevista à Agência Estado: Como voce foi convidado para vir aqui a Locarno, com uma mostra retrospectiva de uma hora e meia, projetada duas vezes em dias diferentes, numa sala especial do Festival? Carlos Adriano - No Festival do Rio de 2002, houve uma homenagem à minha obra, que realizei com Bernardo Vorobow. A curadora do Festival de Locarno para a mostra Cineastas do Presente, In Progress, Ticiana Fintzi, estava no Rio e viu nossa obra e, ao que se supõe, ficou encantada e impressionada com os filmes, convidando-nos para uma retrospectiva. No Rio, não tinham sido exibidos todos meus filmes, mas quatro. Desta vez, Locarno exibe os meus seis filmes. Antes do Festival do Rio, o Carlos Reichenbach tinha indicado meu filme O Papa da Pulp para ser exibido aqui em Locarno. Pode dar uma explicação sobre seus filmes e o significado da participação no Festival de Locarno? Meus filmes são muito específicos, são radicalmente experimentais, de vanguarda, e fico muito honrado por eles terem sido escolhidos para essa seção do Festival. Filmes com um toque muito brasileiro. A inclusão deles no Festival é para mim uma grande honra, porque Locarno, por tradição, é um festival que sempre aposta em novas propostas, realizadores e plataformas. Como cineasta brasileiro, ter uma restrospectiva completa de meus filmes é algo muito importante, mesmo porque nos últimos 20 anos nenhum outro cineasta brasileiro mereceu essa distinção. Que conselho você daria para quem vai ver seus filmes? A partir do Remanescenças, filme de 97, que o Caetano Veloso e o Carlos Diegues disseram ser um dos mais belos ja feitos no cinema brasileiro, se pode ter uma idéia do desenvolvimento do meu trabalho. Mas Locarno optou por uma visão completa, o que permite um acompanhamento integral. Quem puder assistir todos tem uma idéia orgânica do meu cinema.

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