Liam Neeson assume lado herói aos 60 anos

Após o sucesso inesperado de ‘Taken’, ator continua onda de filmes de ação em Hollywood, agora com ‘Sem Escalas’

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Por Pedro Caiado
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Ao apertar a mão do ator Liam Neeson, você nunca esquece: o irlandês tem um aperto firme e mãos enormes. Outra característica forte é a sua indistinguível voz: profunda, porém calma. É difícil acreditar que o ator irlandês já esteja na casa dos 60 anos – ele parece ter parado nos 40. Neeson ficou famoso por seu papel no filme A Lista de Schindler, mas foi depois de Busca Implacável, de 2008, que a carreira do ator mudou completamente e ele se reinventou como herói de filmes de ação. Em seu novo longa, Sem Escalas, Neeson vive um agente federal que é ameaçado através de mensagens de texto. Em entrevista ao Estado, Neeson fala do filme e conta por que recusou o papel de James Bond, entre outros filmes de ação nos anos 90. "Minha mulher não teria casado comigo se eu tivesse aceitado." Em Sem Escalas você vive um ‘air marshal’, cargo pouco conhecido. Você os conhecia?Sim. São agentes federais infiltrados em voos comerciais. Antes do ataque às torres gêmeas em setembro de 2001, eles eram algo como 400, mas depois do ataque, o número subiu para 45 mil. Há pelo menos dois destes agentes em voos de longa distância. Você encontrou algum deles?Sim. Eu encontrei alguns em Nova York, além de um amigo que trabalhou comigo em alguns filmes e é soldado das forças especiais. Nas folgas, ele treina alguns destes agentes. Ele me ajudou a coreografar as lutas, especialmente aquela no banheiro do avião. Você tem medo de avião?Eu amo viajar e me sinto seguro, por causa do pesadelo do procedimento de segurança que há nos aeroportos. Eu tenho respeito por todas as tripulações. Filmes de suspense são perfeitos em aviões, pois estamos todos presos a quilômetros de altura. Todo mundo voa e por isso é fácil se identificar com a sensação de medo. Seu personagem recebe mensagens de texto a todo instante. Você gosta de tecnologia, telefones, twitter?Eu não gosto e fico horrorizado com essas coisas. Eu mando mensagens, mas digito muito lentamente. Meus dedos são grandes, sabe? O sucesso de Busca Implacável mudou o rumo de sua carreira. Foi uma surpresa?Com certeza. Eu nunca achei que aquele filme seria bem sucedido. Nós pensávamos que iria direto para o DVD. Nós todos nos surpreendemos. Quando estreou na França, fez algum sucesso; depois, na Coreia do Sul, foi um mega sucesso e caiu na internet. Eu sei porque meus sobrinhos já tinham assistido antes mesmo da estreia na Irlanda. Eu acho que fez sucesso por causa da crise que o mundo passava naquele momento. Como você se prepara fisicamente para os filmes?Eu me mantenho saudável no meu dia a dia. Eu caminho 12 quilômetros todos os dias no Central Park. Mas, durante a filmagem de um longa como esse, você precisa fazer umas flexões a mais pela manhã. Há muita coreografia de lutas e ensaios de cenas. Após tantos filmes de ação, você aprendeu algo sobre lutas?Eu fiz boxe quando era mais jovem. Mas, em filmes, você aprende e depois esquece. É como aprender uma dança. Você aprende aquela dança para a cena ou para uma prova. Depois que a prova termina, você esquece a metade do que aprendeu. Com exceção do sabre de luz de Guerra nas Estrelas: eu lembro como usá-lo. O que significa a morte para você, como ator?Eu penso bastante nisso. Às vezes eu estou assistindo um filme na TV e penso: "Nossa, será que ele já morreu?". E vou no Google para saber se o ator ainda está vivo. Eu faço isso frequentemente. Em parte por causa da minha idade. Eu sempre me lembro do nascimento dos meu filhos, do meu lugar no universo. Você recusou o papel de James Bond no passado. Você se arrepende?Eu não recusei. Eu fui forçado a recusar. Minha mulher na época disse: "Se você fizer James Bond, você não se casa comigo". E o Pierce Brosnan é meu amigo, está tudo bem. Mas eu não queria fazer filmes de ação naquela época. Há algum filme pelo qual você é mais reconhecido pelas pessoas nas ruas?Busca Implacável. Mas eu sou constantemente confundido com o Ralph Fiennes. As pessoas vêm me elogiar por minha atuação de Hamlet na Broadway. Uma vez, eu e minha mulher estávamos em um hotel em Paris, quando um casal de idosos se aproximou com um menu perguntando se eu poderia autografá-lo. Quando eu estou prestes a assinar, ela falou: "Nós amamos O Paciente Inglês". Então assinei: "Com amor, Ralph Fiennes".

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