Léa Seydoux pertence, se é que se pode dizer, à aristocracia francesa. Uma verdadeira princesa, mas não da aristocracia de sangue azul, mas aquela situada no topo da cadeia alimentar do dinheiro. Seu avô é CEO da Pathé, o tio-avô é CEO da Gaumont e o próprio pai é CEO da Parrot. Outro tio-avô possui um time de futebol, o Lille. No começo de junho passado, em Paris, após Cannes, quando o repórter conversou com ela, Léa estava gripada. Poderia ter cancelado a rodada de entrevistas, realizada no Café de la Paix, no Hotel Intercontinental, na Ópera, mas queria falar.
Estava em guerra com o diretor Abdellatif Kechiche, de Azul É a Cor Mais Quente. A pauta da conversa dividiu-se entre Azul e Grand Central, o longa de Rebecca Zlotowski que estreia nesta sexta, 24. Léa sempre disse que, como atriz, faz filmes para ser amada, e nunca teve tanto, como com Kechiche, a sensação de não ser amada. Sentia-se usada, manipulada, violentada pelo diretor. Mas nem ela era louca de negar a importância e a excepcional qualidade de Azul. Só dizia que a experiência foi ‘traumática’. Além de Azul, que ganhou a tríplice Palma de Cannes, em maio de 2013 – uma para o diretor, outras duas para a atriz Adèle Axerchopoulos e ela –, Léa também participava da seleção com o filme de Rebecca.