"Latitude Zero" estréia no Festival de Brasília

Primeiro longa de ficção de Toni Venturi concorre ao prêmio de melhor filme apostando na "história de uma situação limite que acontece no fim do mundo"

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Por Agencia Estado
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Toni Venturi, diretor do documentário O Velho, A História de Luiz Carlos Prestes, apresenta seu primeiro longa-metragem de ficção no 33º Festival de Brasília. Latitude Zero faz sua estréia concorrendo com mais cinco produções na categoria de melhor filme em 35mm. A história é baseada na peça As Coisas Ruins de Nossa Cabeça, texto inédito de Fernando Bonassi. "Em 1997, estava tomando um café com o Bonassi quando manifestei meu interesse de encontrar um texto legal para o meu primeiro longa de ficção. Gostei da história porque ela é muito forte", conta Toni Venturi. A peça foi adaptada para o cinema por Di Moretti mas o roteiro passou por algumas transformações antes de chegar à versão final. Venturi garante que "a essência da peça de Bonassi foi mantida". Em 1997, o texto foi o vencedor do Prêmio de Roteiro do Ministério da Cultura. No ano seguinte, participou do workshop promovido pela Rio Filmes e pelo Sundance Institute no Rio de Janeiro. Vários profissionais do mercado internacional orientaram mudanças no projeto inicial. "O roteiro sofreu um grande salto qualitativo", diz Venturi. Venturi conseguiu captar recursos para o seu filme através do Banespa. Graças aos co-patrocinadores, o longa pode ser finalizado e vai ser exibido pela primeira vez para o grande público no Festival de Brasília. Ainda não há uma data definida para a distribuição em circuito comercial. As filmagens aconteceram em apenas 4 semanas, num garimpo abandonado de Poconé, no Mato Grosso. O orçamento da produção não ultrapassou a barreira de R$ 1 milhão, valor considerado baixo inclusive para os padrões cinematográficos nacionais. Apesar de algumas vezes sentir falta de mais dinheiro, Venturi defende a realização de produções de baixo orçamento. "Existe uma tendência no cinema brasileiro que comprova que é possível fazer filmes de boa qualidade com poucos recursos. No meu filme, o investimento está na história, na dramatização, nos atores. Quando o dinheiro fazia falta, inventávamos situações criativas", completa. Apesar das filmagens terem sido feitas em pouco tempo, Venturi investiu pesado na preparação dos atores. Durante oito semanas, os ensaios foram realizados em um galpão alugado no bairro da Móoca, em São Paulo. Os cenários que seriam usados nas filmagens foram reproduzidos no galpão para que os atores passassem por uma adaptação prévia. "Quando entrei no set para começar as filmagens, a minha proposta já estava completamente estudada", explica Venturi. Latitude Zero conta a história de Lena (Débora Duboc), uma dona de bar grávida de oito meses que é abandonada pelo amante. Vilela (Cláudio Jaborandy) faz um ex-policial militar foragido da justiça que aparece no bar de Lena. A chegada de Vilela acende as esperanças da mulher. Mas a história de amor dos dois acaba por conduzir a um final surpreendente. "É a história de uma situação limite que acontece no fim do mundo. As pessoas vão ficar muito impressionadas", prevê Venturi. O filme será exibido em Brasília, no próximo sábado. Venturi acreditava que seu filme tinha real chances de ser selecionado para o festival mas agora não espera pela vitória. "Já é um grande prêmio estar concorrendo", conta. O diretor já tem dois novos projeto encaminhados. Um novo longa de ficção, Antes da Noite, com roteiro de Di Moretti, e um documentário sobre os sobreviventes da luta armada brasileira. "Já tenho 32 horas de documentário filmados. Não quero me prender a um único estilo. Quero sempre fazer cinema.", confessa.

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