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Ken Loach critica UE, mas alerta contra desfiliação britânica

Veterano diretor britânico disse que Grã-Bretanha deveria continuar no bloco

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Por Redação
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O diretor britânico Ken Loach, no Festival de Cannes 2016 Foto: ALBERTO PIZZOLI| AFP

O veterano diretor britânico Ken Loach fez um ataque contundente à União Europeia no Festival Internacional de Cinema de Cannes nesta sexta-feira, 13, mas disse que a Grã-Bretanha deveria continuar filiada ao bloco para evitar uma guinada à extrema direita. Loach conversava com os jornalistas sobre seu filme I, Daniel Blake, no qual Dave Johns interpreta um marceneiro de Newcastle que busca uma aposentadoria por invalidez e mergulha na pobreza juntamente com uma mãe solteira (Hayley Squires) que ele está tentando ajudar. O cineasta de 79 anos, que conquistou a cobiçada Palma de Ouro em 2006 com Ventos da Liberdade, expressou seu choque pela maneira como os mais pobres estão sendo tratados, pedindo que a "verdadeira esquerda" de toda a Europa se una. "Existe um denominador comum entre os países europeus. Existe uma crueldade consciente na maneira como estamos organizando nossas vidas atualmente, na qual as pessoas mais vulneráveis ouvem que sua pobreza é culpa delas mesmas, que se você não tem emprego a culpa é sua", disse ele em coletiva de imprensa na qual a política sobressaiu. Hayley disse que as pessoas que recebem assistência do governo são vistas como "aproveitadoras", e o roteirista Paul Laverty perguntou: "Por que estamos implicando com as pessoas mais vulneráveis?". Embora I, Daniel Blake, se concentre em um problema britânico, tem um alcance muito maior, de acordo com Loach. "Existem pessoas que entendem o que está acontecendo, mas suas estruturas políticas não permitem que elas sejam ouvidas", disse. "Temos que aprender a permitir que elas sejam ouvidas e fazer alianças na França, na Espanha, na Grécia, onde quer que seja". Os britânicos irão votar em um referendo no dia 23 de junho para decidir se seu país continua ou não na União Europeia. Deixá-la seria um erro enorme, acredita Loach. "É um momento perigoso, perigoso", alertou. "Por um lado, a UE é um projeto neoliberal, um impulso rumo à privatização, um impulso para desregular as salvaguardas que existem para os trabalhadores".  "Por outro lado, se sairmos, sabemos que os governos individuais irão para a direita tanto quanto possível... colocando os interesses das grandes empresas em primeiro plano. Quer dizer, estaremos diante de um governo de extrema direita se sairmos".  

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