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Kar-wai e seu sonho de amor e luta

'O Grande Mestre' é um filme que enche os olhos

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Wong Kar-wai presidiu o Festival de Berlim, em fevereiro, e ainda apresentou o filme de abertura, fora de concurso. Grandmaster/O Grande Mestre inspira-se no lendário Ip Man, que foi o mestre de Bruce Lee nas artes marciais. O chinês Kar-wai, nascido em Xangai mas emigrado com a família para Hong Kong, ficou famoso com filmes como Felizes Juntos e Amor à Flor da Pele, que esculpiram o imaginário romântico de espectadores mundo afora. No novo longa, ele volta ao cinema de sabre, uma vertente das artes marciais que já lhe inspirou Cinzas do Tempo.

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Como disse o próprio Kar-wai, O Grande Mestre é um projeto de sonho para ele. “Foi um filme que vim desenvolvendo ao longo dos anos. Antes mesmo de filmar a primeira cena, já existia um Grandmaster na minha cabeça e o que posso dizer é que o filme pronto não decepcionou minhas expectativas. Gosto de criar climas e a ação também se presta para isso.” O que o atraiu em O Grande Mestre foi a questão central da artes marciais – o vencedor é meramente aquele que fica de pé por último, ou existe alguma outra complexidade que, às vezes, não captamos? Kar-wai segue uma lição de John Ford – a grandeza dos derrotados. A honra é mais importante que a vitória a qualquer preço.

É um filme que enche os olhos. “Acredito na beleza estética, e seria absurdo tentar negar esse fato, considerando-se os filmes que faço.” Mas houve na Berlinale que acharam a beleza de O Grande Mestre excessiva. Como em seus filmes precedentes, Kar-wai seguiu escrupulosamente o roteiro, que filmou na íntegra. Mas, para ele, o filme se constroi na montagem. “Mesmo cenas que achava que já tinha prontas e que filmei tal qual, na montagem me ofereceram novas possibilidades. Dizem que gosto de desconstruir e reconstruir meus filmes na edição. É uma atividade que pode se tornar interminável.” Ninguém garante que amanhã ou depois, Kar-wai não queira remontar O Grande Mestre, como fez com Cinzas do Tempo, criando o Redux. A beleza passa pelos atores – Tony Leuing e Zhang Ziyi enchem a tela. Há um diálogo que compara amor e sonho. O filme ideal, segundo Kar-wai, também é um sonho que o autor nunca alcança.

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