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'Juliet Nua e Crua' tem a marca do escritor Nick Hornby

Embora trafegue pelo cinemão, Ethan Hawke tem o pé no cinema indie; diretor Jesse Peretz veio da música

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Quem acompanha o escritor Nick Hornby sabe do seu fascínio pela cultura pop – música, futebol. Há quase 20 anos, no ano 2000, um de seus livros mais deliciosos virou filme – idem – de Stephen Frears. Alta Fidelidade mostrava John Cusack, que também produzia, como dono de uma loja de discos de vinil. Abandonado pela namorada, ele reflete sobre o fracasso de seus relacionamentos falando diretamente para a câmera. Em 2009, Hornby publicou Juliet Naked – Juliet Nua e Crua, mesmo título do filme de Jesse Peretz. De novo a música, o rock.

Annie/Rose Byrne é casada com o crítico musical Duncan/Chris O’Dowd. Ele idolatra Tucker Crowe, que há muito tempo, décadas, fez um disco cultuado e depois disso sumiu. Annie não aguenta mais a idolatria do companheiro. Nas redes sociais, escreve alguma coisa detonando o álbum de Crowe. Ele não só responde como irrompe na vida do casal, interpretado por Ethan Hawke. Forma-se o triângulo. Mary Rose Byrne é uma atriz australiana que, após um pequeno papel em Troia, adquiriu cada vez mais projeção – Missão Madrinha de Casamento, Vizinhos, A Espiã Que Sabia de Menos. O irlandês Chris O’Dowd já trabalhou com ela em Missão Madrinha. É conhecido principalmente pela série The It Crowd. E Ethan Hawke é ator fetiche de Richard Linklater e Antoine Fuqua, tendo coassinado com o primeiro (e com Julie Delpy) os roteiros da série Antes (do Amanhecer, da Meia-noite, do Pôr do Sol).

Rose Byrne. Com Ethan Hawke: comédia romântica no estilo da produção independente Foto: Diamond Films

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Embora trafegue pelo cinemão – os filmes de Fuqua, Dia de Treinamento e Sete Homens e um Destino –, Hawke tem o pé no cinema indie. Juliet Nua e Crua tem a cara desse cinema, talvez até demais. Diálogos humorados, naturalismo de interpretação, uma história que flui a partir de ganchos de gênero, no caso, a comédia romântica. Tudo é muito simpático, inteligente, mas não há como deixar de constatar uma certa facilidade na estruturação dramática – e recurso ao passado como facilitador de quiproquós – e é aí que transparece o formato ‘indie’, quase tão previsível como o cinemão.

Feita a ressalva, e não é pouca coisa, é difícil resistir ao trio de protagonistas. O cinema, verdade elementar, começa e se dilata na epiderme dos atores. Jesse Peretz sabe disso e, com a cumplicidade de Rose, O’Dowd e Hawke, arma um relato sedutor. Ajuda bastante a ligação do próprio diretor com a música. Peretz foi membro fundador e baixista de uma banda de rock alternativo de Cambridge, os Lemonheads, cujo punk cedeu a uma linha melódica mais suave – como o filme.

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