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Julia Roberts agora em DVD

O resto você sabe. A coadjuvante talentosa de Flores de Aço, que chega às locadoras, virou superstar com o filme seguinte, Uma Linda Mulher. E consolidou, na tela, a imagem da pretty woman

Por Agencia Estado
Atualização:

São dez anos de Julia Roberts nas telas de todo o mundo. Ela irrompeu nos cinemas brasileiros em Flores de Aço, de Herbert Ross, foi confirmada por Uma Linda Mulher, de Garry Marshall - que a transformou na moderna encarnação de Cinderela -, e só depois estreou aqui o filme que ela fez antes desses dois, Três Mulheres, Três Amores, de Donald Petrie. Desde então, a estrela de Julia nunca parou de brilhar. A linda mulher é uma das preferidas do público no País. Nas locadoras, nem se fala. Julia pertence ao seleto grupo que inclui Mel Gibson e Tom Cruise. Nenhuma fita com esses três pára nas prateleiras das locadoras. Flores de Aço está saindo em DVD numa edição especial, comemorativa dos seus dez anos. Você talvez tenha se esquecido, mas Julia ganhou o Globo de Ouro de coadjuvante e foi indicada para o Oscar da categoria. Perdeu - para alguém hoje esquecida e que não dispõe de míseros 10% da força dela na indústria de Hollywood. Julia é valor seguro de bilheteria. Faz o que o público espera dela - comédias românticas -, mas volta e meia surpreende com escolhas mais ousadas de papéis que nunca chegam a abalar seu brilho de estrela. Foi assim que fez Mary Reilly, de Stephen Frears, sobre a governanta do médico que vira monstro na recriação do romance famoso de Robert Louis Stevenson. Mais recentemente, foi vista em Erin Brokovich, de Steven Soderbergh, dando vida a uma personagem real de mulher lutadora. O DVD de Flores de Aço tem tudo a quem direito um disco do gênero. Áudio e vídeos foram remasterizados digitalmente e, além das tradicionais seleção de cenas e escolha de idiomas, há uma parafernália de extras, que vão desde comentários do diretor até cenas inéditas, making of exclusivo, trilha sonora isolada, trailers de cinema, notas de produção e notas sobre o diretor e o elenco. Embora central na narrativa, Julia vive, na verdade, uma personagem secundária, em torno da qual tudo gira. É com o casamento da personagem que ela interpreta que o filme começa, assim como é com o agravamento de sua doença que o relato evolui para celebrar a amizade feminina - tema ao qual o diretor Herbert Ross é sensível. Basta lembrar Momento da Decisão, com Shirley MacLaine e Anne Bancroft, dos anos 70. Shirley está de volta em Flores de Aço. Divide a cena com Sally Field, Dolly Parton, Olympia Dukakis, Daryl Hannah - e Julia. A primeira cena parece uma versão, ainda mais brega, da Cerimônia de Casamento de Robert Altman. E a narrativa inicialmente humorada torna-se sombria a partir do peso que a proximidade da morte representa para as personagens. É um filme sobre gente cafona, com toda aquela caricatura a que o cinema já acostumou o público ao falar sobre as figuras de classe média que habitam as cidades do interior dos EUA - aqui é uma cidadezinha da Louisiana. As amigas, das quais trata o filme, possuem ou freqüentam um instituto de beleza. A filha de uma delas casa-se na primeira cena. Logo descobre estar doente. Você já viu esse filme - e com Shirley. Flores de Aço não nega certo parentesco com Laços de Ternura, de James L. Brooks, em que Shirley é uma viúva que redescobre o amor (com Jack Nicholson) só para descobrir que a filha (Debra Winger) está à morte. Amor, amizade e morte estão aqui de novo reunidos. E o filme de Ross, que começou como coreógrafo, ligado ao balé, assinando depois a segunda unidade de Funny Girl (Garota Genial), de William Wyler, com Barbra Streisand, termina falando sobre a família. Ela não é vista como a instituição repressora que o cinema tanto gosta de criticar, mas como fonte da solidariedade que, unida à amizade, permite aos sobreviventes enfrentar a dor da perda. Ninguém, em sã consciência, pode dizer que se trata de uma obra de arte. Mas Flores de Aço fez grande sucesso de público, ao estrear nos cinemas, por sua mistura de humor e drama, à qual não se pode negar certa eficiência. Depois, continuou bem aceito pelos espectadores ao passar na televisão. Não há por que duvidar que volte a repetir o êxito na versão em DVD, ainda mais trazendo todos esses extras. Mas a grande atração que Flores de Aço sempre representou para o público está no elenco, principalmente nas mulheres. Sally, Shirley, Olympia, Daryl, Dolly. A todas elas se superpõe hoje Julia. Nesse filme do início da carreira dela, você ainda pode ver o nascimento de uma estrela. Julia, irmã de Eric Roberts, estreou, aos 18 anos, num pequeno papel de Crime Story, apareceu depois numa série de filmes de baixo orçamento - Satisfaction, Baja California e Mystic Pizza (lançado como Três Mulheres, Três Amores no Brasil). Depois veio Flores de Aço e, em seguida, Uma Linda Mulher. O resto você sabe. A coadjuvante talentosa de Flores de Aço virou superstar. E consolidou, na tela, a imagem da pretty woman. Flores de Aço (Steel Magnolias). EUA, 1989. Direção de Herbert Ross, com Sally Field, Shirley MacLaine e Julia Roberts. DVD da Columbia. R$ 35 a R$ 45

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