Johnnie To preserva Hong Kong antiga em filme exibido em Berlim

PUBLICIDADE

Por MIKE COLLETT-WHITE
Atualização:

O diretor Johnnie To quer preservar algo da Hong Kong antiga em seu novo filme, "Sparrow" (Pardal), antes de sua cidade natal mudar para sempre. O filme, que faz parte da competição principal no Festival de Cinema de Berlim, é a história descontraída de um bando de batedores de carteiras liderados por Kei, que ficam fascinados com uma jovem bela e misteriosa que está sempre fugindo de alguém. Quando descobrem que ela está tentando fugir de um grande chefão criminoso, não conseguem resistir à tentação de ajudá-la, não importa o risco. A ação acontece nas ruas e vielas antigas de Hong Kong, e o clima nostálgico e trilha sonora alegre levaram vários críticos a comparar o filme ao musical francês "Os Guarda-Chuvas do Amor", de 1964. "O objetivo principal do filme é captar o clima de Hong Kong", disse To a jornalistas em Berlim, depois de o filme ser exibido para a imprensa. "A cidade está passando por muitas transformações, e o governo demoliu muitos prédios. Por isso eu quis captar a Hong Kong antiga em meu filme." "A profissão do batedor de carteira está desaparecendo neste momento em que ingressamos em uma nova era. De certo modo, esses batedores de carteira fazem parte do passado de Hong Kong, e é por isso que estão no filme", disse o diretor, falando com a ajuda de intérprete. Indagado por que o filme tem um clima tão ocidental, ele explicou: "Para mim, Hong Kong é uma cidade muito chinesa, mas que também sofreu muitas influências do exterior. Essa fusão de Oriente e Ocidente é algo muito natural que eu quis mostrar." Com 52 anos, o diretor, que é favorito em festivais europeus e é conhecido no Ocidente sobretudo por filmes policiais como "The Mission" e "Eleição -- Submundo do Poder", volta a trabalhar com o ator Simon Yam, que já atuou em seus filmes "PTU", "Eleição", "Exiled" e "Triangle". To disse acreditar que o cinema de Hong Kong e o da China continental vão acabar por se fundir, mas disse que ainda existem diferenças importantes, especialmente no que diz respeito à censura. "Quem faz cinema em Hong Kong ainda tem liberdade completa. Então essa é uma vantagem que têm os diretores de Hong Kong hoje."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.