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Jason Statham radicaliza no filme <i>Adrenalina</i>

Filme dos diretores Neveldine e Taylor é a própria metáfora da ação

Por Agencia Estado
Atualização:

Joseph K em O Processo, Gregor Samsa em Metamorfose - os personagens de Kafka acordam sempre para verdadeiros pesadelos, o primeiro ao descobrir que está sendo acusado (de quê?), o segundo, que virou inseto. Misto de "absurdo" e "pesadelo", a palavra kafkiano pode ser invocada a respeito do filme Adrenalina, da dupla Neveldine/Taylor, que estreou na sexta passada e fez quase 50 mil espectadores no primeiro fim de semana, atraindo espontaneamente o público, porque não houve cobertura de crítica nem investimento publicitário. Jason Statham, o melhor herói de ação da atualidade, vive a situação kafkiana. Na abertura de Adrenalina, ele descobre que foi envenado por uma substância rara que está bloqueando seu sistema vital. Em uma hora estará morto - a menos, como lhe informa o médico, que se mantenha em movimento, para que a adrenalina bloqueie a substância venenosa. Cria-se assim a situação do herói que, para viver, não pode parar. Como o ônibus de Velocidade Máxima, de Jan De Bont, e de forma ainda mais radical, o herói em movimento de Adrenalina vira metáfora do próprio cinema de ação. A idéia é interessante, mas o filme não seria tão bom, se não contasse com dois elementos muito fortes - a dupla de diretores e o ator Statham, de Carga Explosiva (1 e 2). Statham é cria do produtor francês Luc Besson, que escreveu e produziu Carga Explosiva, entregando a direção do primeiro filme ao especialista de ação Corey Yuen. Nelveldine/Taylor conhecem todos os códigos do gênero em Hollywood, mas os subvertem desde o interior. O herói vive no bagaço (afinal, está morrendo), declara seu amor a uma garota que, na hora, tem um ataque de soluço e o mais hilário é que o cara, que se chama Chev Chelios, consome medicamentos que lhe dilatam os vasos e provocam uma ereção monumental. Nunca houve um filme de ação como Adrenalina. Chev Chelios bate, arrebenta, faz sexo no meio da rua e até seu médico não atende o telefone porque está numa sessão sadomasô. A questão é - como terminar um filme desses? Veja, e veja de novo, para crer no que viu. Adrenalina (Crank, Reino Unido-EUA/2006, 84 min) - Ação. Dir. Mark Neveldine e Brian Taylor. 16 anos. Em grande circuito. Cotação: Bom

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