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'Já Que Ninguém Me Tira pra Dançar' homenageia Leila Diniz

Musa dos anos 1960, trajetória luminosa foi interrompida em 1972, quando morreu em um acidente aéreo na Índia, ao voltar de um festival na Austrália

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Elas foram amigas – muito amigas. Para Ana Maria Magalhães virou (quase) uma missão. “Há toda uma geração que nem sabe quem foi Leila Diniz. Neste ano em que se assinalam os 50 anos de sua morte, é preciso voltar a falar dessa mulher que permanece uma referência de liberdade. Leila enfrentou o machismo e a ditadura militar.” Para o poeta Carlos Drummond de Andrade, “libertou as mulheres brasileiras do jugo de uma particular escravidão”. Leila foi à praia de biquíni no oitavo mês de gravidez. Como jurada do programa de Flávio Cavalcanti, um apresentador de TV muito popular nos anos 1970, Musa soltava o verbo e dizia o que pensava. Os militares e o público mais conservador já andavam por aqui com sua insolência. Deu uma entrevista repleta de palavrões ao lendário jornal alternativo Pasquim. Pode-se apenas imaginar até onde chegaria. Essa trajetória luminosa foi interrompida em 1972, quando morreu em um acidente aéreo na Índia, enquanto voltava de um festival na Austrália.

Leila Diniz foi fotografada para uma edição de 'O Pasquim', em 1967 Foto: Reprodução

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Nesse final de semana, estará chegando à plataforma do Itaú Cultural, o IC Play, documentário que Ana Maria dedicou à amiga.

Já Que Ninguém Me Tira pra Dançar

estará disponível no sábado, 15, e no domingo, 16, das 19h às 23h. No dia 25 de março, o Itaú Cultural Play estará de novo homernageando Leila Diniz, que nesse dia estaria completando 77 anos. Morreu, gloriosa, aos 27 – há 50 anos. O Itaú Cultural vai comemorar a data com um miniciclo que incluirá dois longas de

Carlos Coimbra

por ela interpretados –

A Madona de Cedro

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e

Corisco

, o

Diabo Loiro

, de 1968 e 69 - , mais

O Homem Nu

, de

Roberto Santos

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, baseado em romance de

Fernando Sabino

, também de 68, o ano que não termina nunca.

O longa de Ana Maria pela diretora: “Mostra o modo de ser dos artistas e das jovens brasileiras nos anos 1960, plenos de entusiasmo e ingenuidade. As novas gerações precisam saber como Leila valotizava a verdade, a liberdade e o amor. Para ela, as pessoas deviam realizar suas melhores potencialidades, e não as piores”.

Em 1982, quando se completavam 10 anos da morte prematura de Leila, Ana Maria foi convidada a realizar um documentário sobre ela. Vacilou, um pouco por não se sentir pronta. Faltava distanciamernto e ela também ainda não havia feito os curtas e longas que lhe deram mais segurança. Mas gravou em vídeo os depoimentos que lhe permitiram traçar um primeiro retrato de Leila.

Esse material pouquíssimo visto foi apresentado num festival e depois sumiu de circulação. Estava se degradando e foi agora restaurado graças a apoios que permitiram a Ana Maria dar um novo formato ao que virou

Já Que Ninguém Me Tira pra Dançar

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. Prepare-se para as intervenções de Lídia Brondi e Louise Cardoso, que foi a própria Leila na ficção de

Luiz Carlos Lacerda

, o

Bigode

, que lhe valeu o prêmio de melhor atriz em Brasília, em 1987. Só para constar - em 1986, ela já havia recebido o Candango de melhor atriz por

Baixo Gávea

. Outra grande cena reúne Leila e a amiga Ana Maria. São maravilhosas. Neste domingo, às 17h, a ABI promove, em seu site, com a participação da diretora e de convidados, um debate sobre Leila, o filme e a contribuição da artista e da mulher, como cidadã, à democracia brasileira. 

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