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Ivan Cardoso, o cineasta do terror com humor, no CCBB

Diretor cuja obra se desenvolve entre o escracho e a erudição mostra inéditos e debate com o público

Por Agencia Estado
Atualização:

Consciente de que vive num País em que os artistas, muitas vezes, só ganham reconhecimento póstumo, Ivan Cardoso gosta de dizer que já pensou em simular a própria morte para ler o que vão escrever nos necrológios. Ivan Cardoso pode continuar gozando a vida e ter uma antecipação dos elogios no evento que começa hoje no Centro Cultural Banco do Brasil. Ele foi escolhido para abrir a programação de 2006 do Encontro com o Cinema Brasileiro. Participa de uma conversa com o público e apresenta alguns filmes, entre eles os inéditos Um Lobisomem na Amazônia, O Sarcófago Macabro e A Marca do Terrir. Ivan Cardoso se constitui num caso muito interessante do cinema brasileiro e é sobre isso que convém falar com ele. Seus primeiros curtas (em Super 8) datam do começo dos anos 1970, época em que ele, como fotógrafo, produziu as capas de discos de Gal Costa, Caetano Veloso e Jorge Mautner. Sua reputação é de mestre brasileiro do cinema fantástico, tendo criado o terrir, o terror temperado pelo humor, antecipando-se a Hollywood (e ao sucesso da série Pânico). Claro que o terrir de Cardoso é diferenciado. É escrachado e passa pelo filtro das chanchadas da Atlântida e das pornochanchadas da Boca do Lixo, que não deixam de ser referências para o seu cinema, com o filme B americano. Em Um Lobisomem na Amazônia, ele trabalha com elementos que atraem o público jovem - sexo, terror, violência, humor. O lobisomem é um cientista fugitivo do nazismo, que realiza experiências macabras na selva. Ivan Cardoso adora múmias, vampiros, lobisomens. Mas essa faceta, digamos, popular, é sempre filtrada por outra grande influência, ou influências, no plural. Cardoso ainda cursava o 2º grau quando descobriu o concretismo (na poesia) e o neoconcretismo (nas artes plásticas). Aproximou-se de Augusto e Haroldo de Campos, de Hélio Oiticica, Torquato Neto e também de Rogério Sganzerla e Júlio Bressane. Seu cinema é produto dessa geléia geral, mais ligado à contracultura que ao Cinema Novo (que combateu, é bom lembrar). E se os longas são poucos, os curtas são numerosos. Com Ivan Cardoso, o que não falta é material para conversa Encontro com o Cinema Brasileiro - Ivan Cardoso, o Mestre do Terrir. Nesta terça (4), 19h30, Um Lobisomem na Amazônia (2005), de Ivan Cardoso. Após a sessão haverá debate com o diretor. 14 anos. Centro Cultural Banco do Brasil (69 lug.). R. Álvares Penteado, 112, Centro, 3113-3651, metrô Sé. Terça (4), 19h30 (c/ debate); Quarta (5) a dom. (9), 17h, 19h. R$ 4. Até 9/4. Abertura hoje.

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