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Itaú Cultural reabre sala de cinema e vídeo

Espaço foi ampliado e equipado com projeção em vídeo digital. Mostra de inauguração exibe documentários co-produzidos por meio do programa Rumos

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de cinco meses de recesso, a sala de cinema e vídeo do Itaú Cultural reabre as portas rebatizada e ampliada. A antiga Sala Azul leva agora o nome da entidade e está equipada com projeção em vídeo digital. Permanece intacta, no entanto, a vocação para a prospecção de novos valores e propostas na linguagem documental. A reabertura será marcada por uma seleção de filmes co-produzidos por meio do programa Rumos Itaú Cultural Cinema e Vídeo - Apoio à Produção Audiovisual. A sessão de abertura, hoje, às 20 horas, terá o pré-lançamento de 33, de Kiko Goifman e Jurandir Muller, um dos principais destaques entre os projetos premiados no biênio 2001-2002. Os outros dois carros-chefes, Na Garupa de Deus, de Rogério Corrêa, e Nasceu o Bebê Diabo em São Paulo, de Renata Druck, serão exibidos no dia 30, no mesmo horário. A seleção, que continuará sendo exibida em junho, sempre às quintas, às 20 h, traz ainda mais quatro filmes inéditos, contemplados no mesmo edital: Me Erra!, de Paola Barreto; E Agora, José?, de Maya Da-Rin; Encomenda ao Ganso, de Pablo Lobato, e Se Tu Fores, de Ilana Feldman e Guilherme Coelho. Há vários projetos do mesmo edital que estão em fase de finalização e, por isso, não serão exibidos. O público poderá conhecer um pouco de alguns deles por meio de pequenos trailers de curta duração. São os casos de O Prisioneiro da Grade de Ferro, de Paulo Sacramento, sobre a rotina dos presos na Casa de Detenção; Outras Amazonas, de Marina Weis, registro da vida das mulheres da tribo Waiãpi, e Tranca Abre, de Paula Siqueira e Renato Calaça, que investiga a "possessão" na umbanda, entre os neo-pentecostais e no Vale do Amanhecer. Parte de um projeto autobiográfico, o documentário 33 acompanha o diretor Kiko Goifman em busca de sua mãe biológica. Nascido em Minas Gerais, Goifman foi dado em adoção dias depois de nascer. Acompanhado de sua mulher, a jornalista Claudia Andrade, e munido de uma câmera digital, ele voltou a Belo Horizonte e entrevistou familiares, a antiga babá, o médico que intermediou a adoção e pediu dicas a alguns detetives particulares de como se comportar em sua investigação. Na Garupa de Deus, de Rogério Corrêa, se propõe a mostrar um pouco da perigosa rotina dos motoboys nas ruas das grandes cidades. Sem condições de trabalho decentes, eles arriscam a vida em veículos avariados e sem licenciamento em dia. Muitas vezes, fazem loucuras apenas para cumprir prazos, conseguir mais saídas e poder aumentar o salário minguado. Mais do que inovar a linguagem, o filme explora um assunto quase sempre evitado tanto pela grande mídia quanto por quem milita no gênero documental. Nasceu o Bebê Diabo passa a limpo três lendas urbanas tipicamente brasileiras: o bebê diabo, a loira do banheiro e a gangue do palhaço. Popularizados por jornais sensacionalistas, esses mitos ganharam o imaginário coletivo e permanecem vivos geração após geração. Concebido como uma grande reportagem investigativa, o filme tem formato arrojado e humor de sobra. Mas deixa algumas questões importantes no ar, como por exemplo qual a origem sociológica dessas histórias ou de que maneira elas se formam. Premiado na categoria de produção, Me Erra! mostra o resultado de 12 anos de trabalho da Academia Nobre Arte, viveiro de boxeadores da favela Cantagalo, no Rio. Dirigido por Paola Barreto, o filme mostra como um esporte como o boxe pode ser usado como instrumento de resistência de comunidades pobres. Em tempo: o título vem de um jargão dos boxeadores. Premiados na categoria jovens realizadores, os outros filmes inéditos, que serão exibidos no dia 13 de junho, sempre às 20 h, não chegam a ser grandes bússolas na indicação de tendências. Mas revelam um frescor no olhar e na forma como se debruçam sobre os temas apresentados. É o caso de E Agora, José?, de Maya Da-Rin, que entrevista dois camponeses do interior de Minas Gerais que só agora começam a sofrer influências do mundo externo. Ou de Se Tu Fores, de Ilana Feldman e Guilherme Coelho, que deita um olhar generoso sobre uma respeitável roda-de-samba carioca formada por Jair do Cavaquinho, Walter Alfaiate, Paulão da Portela e Surica, entre outros. Ou ainda de Encomenda ao Ganso, de Pablo Lobato, em que o diretor acompanha o processo de criação de uma obra sob encomenda cuja especificação pede "três espaços vazios". O restante da programação dá oportunidade de rever projetos contemplados em anos anteriores, como o ótimo Glauces, Estudo de um Rosto, de Joel Pizzini; O Livro de Raul, de Arthur Omar; Barra 68, de Vladimir de Carvalho; Terra Mãe, de André Franciolli, e A Soltura do Louco, de Bernardo Castro e Cristian Cancino. Rumos Itaú Cultural Cinema e Vídeo. Reinauguração, para convidados, da sala de cinema e vídeo com a sessão de pré-lançamento do documentário 33, de Kiko Goifman e Jurandir Muller. Hoje, às 20 h. Entrada franca. Sala Itaú Cultural. Avenida Paulista, 149, tel. 3268-1776. Programação até 27/6.

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