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Irène Jacob, no País para festival, diz que vai filmar no Rio

Em Copacabana, atriz fala de seu filme espanhol, do outro que fará no Brasil em breve e do que Kieslowski representou para ela

Por Agencia Estado
Atualização:

Eu me lembro, como diria Edgard Navarro... Há alguns anos, Walter Hugo Khouri ficou duplamente impressionado com "As Duas Vidas de Véronique". Disse que Krzysztof Kieslowski era um filósofo do cinema e Irène Jacob a atriz que ele gostaria de dirigir. À entrada do Cine Odeon BR, o repórter conta a história para Marçal Aquino e ele, roteirista de Beto Brant e Heitor Dhalia, também lembra - Khouri escolhia atrizes pelo pescoço. Era fascinado por aquela curvatura nas mulheres. Khouri ficaria ainda mais siderado com Irène, ao vivo. Ela veio ao Rio para a apresentação do filme espanhol "La Educación de las Hadas", que fez com o produtor de "Os Outros", de Alejandro Amenábar - José Luis Cuerda. Na verdade, o filme com Ricardo Darín talvez tenha sido só um pretexto, já que Irène aproveitou para se encontrar com Jonathan Nossiter, o documentarista de "Mondo Vino", que reside no Rio. Jonathan vai fazer um filme coral, provisoriamente chamado "Estrangeiros no Rio", sobre esse grupo que tenta decifrar o enigma da cidade que é chamada de ?maravilhosa?. Irène terá um dos principais papéis, com Charlotte Rampling, também presente no Rio. A filmagem começa em meados de 2007 e as duas aproveitam para conhecer outras pessoas ligadas ao projeto. Aos 40 anos, que completou em 15 de julho, Irène é a antiestrela. Fala de filmes, mas também dos filhos, que deixou em Paris e que trará ao País, quando aqui filmar. "Agora é só por uma semana. Ficaram com o pai e a babá." Nos seis últimos anos, Irène reduziu bastante a atividade no cinema. Fez uma ou outra participação, dedicando-se mais ao teatro, onde fez desde uma heroína de Chekhov ("A Gaivota") até uma adaptação que ela própria escreveu de Júlio Cortázar. "Li ´O Jogo da Amarelinha´ quando tinha 20 anos e achei lúdico, maravilhoso. Reli aos 30 e era outro livro, mais denso, profundo, com outras camadas de indagação. É um livro que cresce com a gente." Irène adorou filmar na Espanha. Teve um pouco de medo, já que não fala espanhol. Cuerda convenceu-a dizendo que a personagem, uma ornitóloga de origem belga, tinha de ser meio misteriosa, com sua dificuldade de comunicação. Desconhecer o idioma favoreceu a compreensão da personagem. Irène ainda não domina a língua, mas entende o que você lhe disser. Foi um prazer trabalhar com Ricardo Darín. "Ele é sedutor, inteligente, divertido." Irène e Kieslowski, o assunto é inesgotável. Seu encontro com o grande diretor em "Véronique" e "A Fraternidade é Vermelha" deu-lhe nova percepção do cinema. Kieslowski queria mostrar o indizível e o invisível, mas seu método era outro. "Ele controlava os gestos, os movimentos, a iluminação. Dizia tudo sobre a parte física e quase nada sobre a interioridade das personagens. Mesmo assim, duvido que outro diretor conseguisse ir tão fundo na alma da gente." Irène acaba de filmar com Paul Auster. Está animada com "The Inner Life of Martin Frost". O cinema volta, com força, à sua vida.

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