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Indicações de "Moulin Rouge" revalorizam musicais

Por Agencia Estado
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Moulin Rouge - Amor em Vermelho entra para a história do cinema ao concorrer a oito Oscars, incluindo o de melhor filme, o que não acontecia para um musical desde O Show Deve Continuar, de 1979. Mas a produção de Baz Luhrman também deve ser lembrada como uma das mais incompreendidas dos últimos tempos: esnobada pela crítica e por parte do público internacional desde que estreou no Festival de Cannes, em maio, precisou ser reconhecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood para ganhar o devido valor. Quando começou a ser divulgado, Moulin Rouge parecia ter tudo para repetir ou superar o apelo pop de Romeu + Julieta, que Luhrman dirigiu em 1996 e que conquistou a geração MTV e legitimou o potencial para o megaestrelato de Leonardo DiCaprio. Com uma trilha sonora que pode agradar fãs de rock, hip hop e música eletrônica, o filme ainda colocou no mercado um disco com participações de David Bowie, Bono, Beck, Missy Elliott, Christina Aguillera, Lil´Kim, Massive Attack e Fatboy Slim, entre outros. O problema é que boa parte da crítica internacional não entendeu a proposta do exuberante musical, que fez uma das mais brilhantes colagens musicais do cinema, supervisionada por profissionais inovadores como Marius DeVries, que já trabalhou com Björk. Jornalistas mais sisudos que acompanharam o Festival de Cannes não souberam interpretar as misturas de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, com Lady Marmalade, de Patty LaBelle, ou as referências a vídeos de Madonna nas cenas que usavam Material Girl e Like a Virgin. O poder musical de Moulin Rouge ficou claro com o sucesso da trilha sonora (mais de 100 mil cópias vendidas na primeira semana nos Estados Unidos, 400 mil na Austrália e 50º lugar na lista dos mais vendidos do ano, logo depois de Music, de Madonna) e com o impulso que deu a carreiras paralelas de Ewan McGregor e Nicole Kidman. O ator foi elogiado por David Bowie e Elton John e está preparando um álbum pop, enquanto Kidman foi parar no primeiro lugar da parada da Inglaterra com seu dueto com Robbie Williams para a música Somethin´ Stupid, consagrada por Frank Sinatra nos anos 60. A geração MTV, por sinal, não abandonou o diretor: Moulin Rouge foi um destaques do MTV Movie Awards, no ano passado, consagrando a versão de Lady Marmalade gravada por Aguillera Elliott, Lil´Kim, Mia e Pink. O musical, que levou o prêmio de melhor filme no Globo de Ouro, em janeiro, disputa agora oito Oscars. Curiosamente, não aparece nas categorias de melhor música (a academia preferiu compositores mais convencionais, como John Williams e suas sinfonias para A.I. - Inteligência Artificial e Harry Potter e a Pedra Filosofal) e canção (em que pop stars como Paul McCartney e Enya levaram a melhor, pelos temas de Vanilla Sky e O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel, respectivamente). Mas, além de provar que existe mercado para musicais no cinema atual e garantir o futuro da carreira de Luhrman, o reconhecimento de Moulin Rouge beneficia em especial o trabalho de Kidman. A australiana, que também concorreu ao Globo de Ouro por Os Outros, foi inicialmente criticada por sua atuação no musical e sua performance vocal tinha sido considerada "fraca". Concorrendo com os dramas Uma Mente Brilhante e Entre Quatro Paredes, o filme de fantasia O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel e a sátira de mistério Gosford Park, Moulin Rouge dificilmente levará a estatueta de melhor filme. Mas a presença em oito categorias deve garantir outros prêmios e uma segunda chance ao melhor musical dos últimos tempos.

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