20 de maio de 2014 | 14h11
Um filme belga estrelado pela atriz francesa Marion Cotillard no papel de uma mãe que tem de convencer os colegas de trabalho a renunciar a um bônus para salvar seu emprego e sua casa de família, ganhou elogios imediatos nesta terça-feira no 67.º Festival de Cinema de Cannes.
Deux Jours, Une Nuit (dois dias, uma noite), dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que são figuras conhecidas de Cannes e já ganharam a Palma de Ouro, foi apresentado em uma sessão para a imprensa como um filme de bom astral, apesar de um enredo com pessoas das camadas mais baixas da classe média sob o risco de escorregarem para a pobreza.
"A favorita de Cannes Marion Cotillard se une aos veteranos do festival Jean-Pierre e Luc Dardenne para um brilhante drama tenso e revelador sobre o desemprego", escreveu o crítico Peter Bradshaw para o jornal The Guardian.
A cinco dias antes do anúncio dos resultados do prêmio, no sábado, um crítico de cinema elogiou o festival por estar "bem redondo".
A obra dos Dardenne rapidamente saltou para o topo do ranking dos candidatos a ganhar a Palma de Ouro de melhor filme, na opinião dos críticos e profissionais presentes no festival realizado na costa do Mediterrâneo, com 12 dias de duração.
Também aclamados, de acordo com uma pesquisa realizada pela revista Screen International, estão o filme do diretor britânico Mike Leigh, Mr. Turner, sobre os últimos anos do pintor pré-impressionista J.M.W. Turner, e o retrato psicológico Winter Sleep, do diretor turco Nuri Bilge Ceylan.
O cineasta Luc Dardenne disse que o filme mostra como o contato pessoal com os colegas de trabalho por parte da jovem mãe Sandra, que se recuperou de uma depressão, mas corre o risco de sofrer uma recaída por causa da crise, pode trazer à tona um outro lado das pessoas.
"Não era fácil mostrar solidariedade... porque há uma queda na renda", disse ele sobre a situação enfrentada pelos colegas de Sandra. "A solidariedade é uma espécie de compromisso moral, que é baseado em uma decisão moral", disse Dardenne.
Embora atualmente às vezes seja difícil ver o tipo de solidariedade que levou aos movimentos sociais na década de 1960, "eu acho que ainda existem pessoas como as que se vê no filme, que mostram solidariedade - que é a linha da história", disse ele.
Marion, que ganhou um Oscar em 2007 por sua interpretação de Edith Piaf, em Piaf: Um Hino ao Amor , disse ter gostado do desafio do papel de Sandra.
"Eu fiquei comovida com as pessoas que lutam, apesar das circunstâncias, apesar de desvantagens", disse ela. "Aprendi muito sobre a condição humana ao explorar a alma dessas pessoas."
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