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Imortalizado pela série 007, Sean Connery completa 85 anos

Lembrado pelo papel do espião, o ator escocês foi dirigido também por Alfred Hitchcock, Brian de Palma e outros grandes diretores

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Pouca gente costuma creditar muita importância ao diretor inglês Terence Young, mas não terá sido o menor de seus méritos haver transformado um ator insignificante num ícone dos anos 1960. Pois Sean Connery, ao fazer o primeiro James Bond, 007 contra o Satânico Dr. No - originalmente, o filme chamou-se apenas O Satânico Dr. No no Brasil -, era um ator de segunda cujo melhor trabalho, até então, havia sido o vilão de A Maior Aventura de Tarzan, de John Guillermin. Para falar a verdade, ele já aparecera num bom filme 'social' - Na Rota do Inferno, de Cy Endfield -, mas nada prenunciava que daria vida ao agente secreto mais famoso do cinema. 

Terence Young poliu-o, e Connery fez os primeiros filmes da série. Qual o seu preferido? Moscou contra 007, 007 contra Goldfinger, 007 contra a Chantagem Atômica, Com 007 Só se Vive Duas Vezes? A verdade é que, transformado em astro, Connery cansou-se do papel. Filmou com grandes diretores. Alfred Hitchcock (Marnie, as Confissões de Uma Ladra), Irvin Kershner (Sublime Loucura), Sidney Lumet (A Colina dos Homens Perdidos), Martin Ritt (Ver-te-ei no Inferno). No começo dos anos 1970, embora jurasse que nunca mais faria um James Bond, voltou à série com 007 - Os Diamantes são Eternos. E voltou mais uma vez, nos 1980, numa aventura de produção independente, à margem da série oficial, e que por isso mesmo não tem 007 no título - Nunca Mais Outra Vez, de Irvin Kershner.

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E por que lembrar tudo isso? Porque justamente nesta terça-feira, 25 de agosto, Sean Connery está completando 85 anos. Nasceu em 1930, na Escócia. Por seu trabalho como ator, ganhou prêmios importantes como o Oscar (de coadjuvante) e o Globo de Ouro por Os Intocáveis, de Brian De Palma, e o Bafta, o Oscar inglês, por O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud. Seu apoio à independência da Escócia retardou por muitos anos que fosse transformado em cavalheiro do Império Britânico, mas em 2000, finalmente, a Rainha Elizabeth II fez dele Sir Sean Connery. A fidelidade à causa escocesa tem sido contestada porque o patriotismo de Connerty não resistiu a uma querela com o Fisco e ele mudou de endereço. A lista dos grandes filmes (e diretores) inclui O Homem Que Queria Ser Rei, de John Huston, Robin e Marian, de Richard Lester, e Indiana Jones e a Última Cruzada, de Steven Spielberg, em que fazia o pai de Harrison Ford. E, ah, sim, Assassinato no Expresso Oriente, de Lumet (de novo), e Caçada ao Outubro Vermelho, de John McTiernan.

Em 1993, submeteu-se a radioterapia, após ser diagnosticado com nódulos na garganta. Dez anos mais tarde, operou os dois olhos (catarata). Há muito tem se dedicado somente a atividades políticas e filantrópícas. O último papel foi há 12 anos, em A Liga Extraordinária. Depois disso, emprestou a voz a Sir Billi the Vet. O repórter não pode deixar de lembrar que, na única vez em que entrevistou Sean Connery, terminou brigando com ele. Foi no Festival de Cannes, durante a apresentação de Armadilha. Connery ousou comparar o thriller de Jon Amiel (com Catherine Zetas-Jones) aos divertissements de Hitchcock. O repórter contestou. Criou-se o mal-estar. Nada disso diminui a admiração por uma carreira realmente extraordinária. Grandes filmes de ação. Grandes papeis interiorizados e complexos. Parabéns, Sir Connery.

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