Imagens do World Trade Center causam polêmica

Enquanto estúdios tiram digitalmente as torres gêmeas de cenas gravadas antes dos ataques terroristas, alguns diretores, como Todd Solondz, defendem sua permanência

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Por Agencia Estado
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Um lote de novos filmes, alguns deles com temas pacíficos, está desafiando os executivos e cineastas de Hollywood com uma pergunta: o que fazer com as torres gêmeas do World Trade Center que neles aparecem, agora que elas deixaram de existir por conta dos ataques terroristas do dia 11 de setembro? "Acho essa discussão absurda e, apesar de estar triste pelo que aconteceu, sou ambivalente em relação a esse excesso de zelo", explicou o cineasta Todd Solondz durante entrevista coletiva realizada na manhã de terça para divulgar seu novo filme, em que uma rápida imagem das duas torres aparece quase no fim da projeção. Solondz, que dirigiu o polêmico Felicidade, apresenta na semana que vem, dentro do Festival de Cinema de Nova York, Histórias Proibidas (Storytelling). O longa também é uma das atrações do Festival do Rio BR 2001, onde fará sua estréia na terça, com reapresentações na quarta, quinta e sábado. "A cena com as torres gêmeas aparecendo de relance vai permanecer", explicou o diretor. Outro filme que está mantendo a imagem dos prédios de 110 andares é Refém do Silêncio (Don´t Say a Word), que estreou ontem nos cinemas americanos e chega ao Brasil em 26 de outubro. Estrelado por Michael Douglas, esse é um thriller que acompanha o agoniante seqüestro de uma criança, filha do protagonista. Já a comédia romântica Sidewalks of New York, do ator e diretor Edward Burns, que seria lançada na semana passada e foi cancelada por celebrar o estilo de vida da cidade num momento de desolação, volta em 21 de novembro, com as imagens intactas do WTC. Mas o pôster do filme já não é o mesmo: as duas torres foram apagadas do cartaz de divulgação. O WTC foi sacrificado em outro lançamento ontem, a comédia Zoolander, com Ben Stiller interpretando um top model de baixo QI que é metido numa trama de assassinato do presidente da Malásia. O filme, que estréia em janeiro no Brasil, tem várias cenas em que as torres aparecem e foram digitalmente apagadas. O mesmo ocorre com o prólogo da comédia romântica Serendipity, com John Cusack, que entra em cartaz nos Estados Unidos na sexta-feira. O estúdio Miramax decidiu fazer uma "plástica" nas cenas dos créditos iniciais. "Estamos vivendo o período de uma super-reação histérica, onde todos começam a ver e imaginar imagens das torres gêmeas até em títulos de filmes com dupla letra "L", disse Amy Pascal, presidente da Columbia Pictures, em entrevista a um jornal de Los Angeles. Lançado na semana passada, sob uma chuva de críticas negativas, o musical Glitter, que marca a estréia da cantora Mariah Carey no cinema, conserva as cenas em que as torres do WTC aparecem de relance. Quando isso ocorre, o público que está se aventurando a assistir a essa bomba aplaude. Já os filmes da distribuidora Miramax estão sendo injustamente motivo de chacotas. O novo logotipo da empresa mostra uma visão noturna da Baixa Manhattan, região da cidade de Nova York onde ficava o WTC, mas sem mostrar as torres gêmeas. Na verdade, o logotipo, criado no ano passado para comemorar os 20 anos da distribuidora independente localizada no bairro de TriBeCa, nunca mostrou o WTC.

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