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<i>Diamante de Sangue</i> traz ação na África, com DiCaprio

Uma história de amizade, cheia de som e fúria, com pano de fundo político e ação numa África colorida, marca o filme que pode render um Oscar a Leonardo DiCaprio

Por Agencia Estado
Atualização:

Ambientado em 1999, durante a guerra civil em Serra Leoa, Diamante de Sangue usa a questão da exploração ilegal dos diamantes em países africanos pobres e em conflito, como pano de fundo para falar sobre como se constroem relações afetivas entre pessoas de perfis e histórias de vida completamente diferentes em contato com situações-limite. É o caso de quase todos os trabalhos do cineasta, especialmente Tempo de Glória e O Último Samurai. Hounsou faz o papel de Solomon Vandy, um pescador da etnia mende, seqüestrado de sua família por guerrilheiros para trabalhar no garimpo ilegal de diamantes que financiam as guerrilhas e a criação dos exércitos de crianças. DiCaprio interpreta Danny Archer, um mercenário nascido no Zimbábue (antiga Rodésia) que alimenta o sonho de sair do continente e fugir da pobreza e de um ciclo interminável de luta por poder e corrupção. O destino os coloca lado a lado para resgatar um diamante bruto que poderá dar a Archer o passaporte para felicidade e proporcionar a Vandy o reencontro com a família. ?Esta é a história mais pessoal de que participei?, disse Hounsou. ?Nasci na África (no Benin) e saí de lá bem novo. Mas ainda tenho família e cada vez que volto para visitá-la tenho de atravessar países em guerra. Então, minha bagagem de vida foi boa fonte de inspiração.? DiCaprio e a pobreza A experiência funcionou como uma volta ao passado para Hounsou. Mas para DiCaprio foi um presente surpreendente. ?O que mais me impressionou foi como as pessoas lidam com a pobreza?, disse o ator. ?A atitude deles em relação à vida, com toda a tragédia que os rodeia. E a sensação de voltar para cá, onde existe tanta riqueza e ninguém se importa com o próximo.? ?Originalmente, era a história de dois aventureiros na Namíbia?, contou o roteirista Charles Lewitt. ?Eu estava interessado nessa questão dos diamantes. E a realidade tem de ser factual. Por isso, decidi falar sobre esse período, no fim dos anos 90, em que muita coisa aconteceu na África por conta da exploração ilegal de diamantes para financiar as guerrilhas.? Com a história de dois personagens em busca de uma riqueza que está além do valor material dos diamantes, o filme se aproximou das temáticas caras ao diretor Zwick. ?Neste mundo, estamos todos envolvidos uns com os outros?, disse ele. ?O controle da exploração dos recursos naturais pode ser determinante para que tenhamos uma vida melhor.? (Alessandro Giannini) DiCaprio: duas indicações Vai ser um vexame se Leonardo DiCaprio não ganhar o Globo de Ouro de melhor ator de drama. Afinal, ele recebeu duas indicações na mesma categoria, concorrendo por Os Infiltrados, de Martin Scorsese, e por Diamante de Sangue, o absorvente thriller político de Edward Zwick que estréia nesta sexta-feira. DiCaprio é favoritíssimo na disputa, mas também será uma injustiça, se for premiado pelo filme de Scorsese. Ele é melhor no de Zwick. DiCaprio faz um mercenário que ganha a vida contrabandeando diamantes em Serra Leoa. Em 1999, o país está sendo devastado pela guerra civil. O relato começa pela ótica de Salomon Vandy, o personagem interpretado por Djimon Hounsou. De cara, Salomon é separado da mulher e do casal de filhos e enviado para trabalhar na extração de diamantes. Serra Leoa, lhe diz o filho, na abertura, foi criado para ser uma utopia, mas o paraíso vira um inferno na guerra. Guerrilheiros enfrentam as forças do governo. Em nome da futura ordem, separam famílias, decepam membros das pessoas. O filho de Salomon vai virar um soldado da revolução e o herói fará de tudo para resgatá-lo. No processo, ganha a ajuda do mercenário DiCaprio. Não é uma ajuda desinteressada. Salomon encontrou um raro diamante cor-de-rosa, que será seu passaporte para tentar reconstruir a vida, a família. Para DiCaprio, a possibilidade é outra - a chance de abandonar a África, mesmo que o coronel que o treinou lhe diga que eles pertencem àquela terra vermelha. Salomon abre e fecha o relato de Edward Zwick, mas DiCaprio, por ser um astro, é considerado o protagonista da história. Fazer o quê? É a lógica do cinemão. Há ainda a jornalista interpretada por Jennifer Connelly, que critica o cinismo do mercenário, mas se apaixona por ele e também liga sua vida à de Salomon. Como em seu filme precedente, O Último Samurai, Edward Zwick conta uma história cheia de som, fúria e intensidade dramática. Zwick é um diretor que costuma ser perigosamente atraído pela beleza visual e a África, como o Japão, com sua multiplicidade de cores, lhe oferece uma paleta muito rica. (Luiz Carlos Merten) Diamante de Sangue. (Blood Diamond, EUA/2006, 138 min.) - Drama. Direção de Edward Zwick. 14 anos. Em grande circuito. Cotação: Bom

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