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<i>Borat</i> estréia com seu repórter politicamente incorreto

O comediante inglês Sacha Baron Cohen interpreta um jornalista do Casaquistão que faz um documentário sobre os EUA. Filme rendeu ao ator um Globo de Ouro

Por Agencia Estado
Atualização:

Esqueça todos os parâmetros de elegância e bom gosto. Sacha Baron Cohen desembarca nesta sexta, 23, com suas provocações em mais de 100 salas de todo o País. Algum espectador há de conhecer o comediante inglês que estourou na TV com três personagens que se tornaram emblemáticos - o jamaicano engajado Ali G; o crítico de moda austríaco (e gay) Bruno; e o repórter do Casaquistão Borat Sagdiyev. É por meio desse último que o público brasileiro vai descobrir agora que algo de muito politicamente incorreto faz rir na (e da) terra de George W. Bush. Borat possui um subtítulo quilométrico que apresenta, mais ou menos, a sinopse do que propõe a comédia - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País do Casaquistão Viaja à América. Os americanos têm uma definição para este tipo de humor que não recua diante da grosseria nem da vulgaridade - dizem que é ?outrageous?, ultrajante. Diante de Borat, não existem meias medidas. É amar ou odiar. Borat, com esse personagem de russo que se lança à conquista da América e descobre um país de loucos, revela o estilo de humor politicamente incorreto de Sacha Baron Cohen, multiplicando a incorreção por dez, em Borat. O filme é dirigido por Larry Charles, mas a personalidade dominante é a do ator e roteirista. Começa com a forma de um falso documentário, descrevendo a vida do protagonista como segundo maior repórter do Casaquistão, que, depois da derrocada do comunismo, não tem nada de glorioso. País ofendido O governo do Casaquistão sentiu-se ofendido com as cenas filmadas na Romênia, nas quais uma mistura de polonês e hebreu faz as vezes da língua nacional. Ao perceber a intenção - a ridicularização dos EUA como potência número um do mundo - , aderiu ao espírito de brincadeira iconoclasta e Sacha/Borat virou um ícone no país. O risco de se falar sobre um personagem desses consiste em antecipar a surpresa - ou reduzir o choque - que o espectador poderá ter diante do estilo selvagem de Sacha Baron Cohen. Borat não é apenas anti-semita. É também pornomaníaco, obcecado por sexo, e escatológico. Uma pequena amostra do horror filtrado pela poesia de Borat (não é esta a própria idéia da comédia, como gênero?). Borat entra numa loja nos EUA e pergunta ao vendedor que armas ele usa para matar judeus. O cara faz uma descrição detalhada dos armamentos à disposição de Borat, mas acrescenta que ele, pessoalmente, prefere aquela - e busca nas prateleiras um trabuco. A cena é tanto mais chocante porque Borat, num momento de fragilidade, quando está sem teto nem dinheiro, é acolhido por uma família judaica que lhe empresta toda solidariedade. Sua meta, nos EUA, é a realização de um documentário sobre o modo de vida dos americanos, para exibir na TV do Casaquistão. Quer dizer - a meta oficial, porque, no fundo, o que Borat quer é seduzir Pamela Anderson e casar-se com a loira barbie que alimenta suas fantasias de sexomaníaco. Disposto a expor a América provinciana de George W. Bush, Borat invade a casa de uma família sulista de classe alta e transforma o jantar de luxo num espetáculo dos mais grotescos. É até difícil usar a expressão ?mais grotesco?, porque há um acúmulo de cenas que a disputam. Entre outras aquela em que Borat flagra seu produtor se deliciando no banheiro com a foto de Pamela e inicia uma briga que prossegue pelos corredores do hotel, com ambos nus. O bom gosto passa longe do universo de Borat, mas não foi só o governo do Casaquistão que foi seduzido pelo falso segundo melhor repórter do país. Sacha Baron Cohen ganhou o Globo de Ouro de melhor ator de comédia e concorre ao Oscar de roteiro adaptado. E Pamela Anderson presta-se a todas as transgressões eróticas do herói, aparecendo como ela mesma.

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