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<i>Baixio das Bestas</i> concorre no Festival de Roterdã

Filme brasileiro concorre na mostra independente que começa nesta quarta-feira

Por Agencia Estado
Atualização:

Se Sundance é o festival de cinema independente mais prestigiado do mundo, Roterdã, que não é menos indie nem menos prestigiado, é o festival independente mais charmoso e brasileiro do mundo. Sua 36.ª edição começa nesta quarta-feira na cidade holandesa com a exibição de La Antena, de Esteban Sapir. O filme argentino conta com o apoio da Fundação Hubert Bals, uma das mais ativas e prestigiadas da Europa, que já apoiou longas brasileiros como Cinema, Aspirinas e Urubus. De fato, La Antena é um dos 19 filmes em competição (8 deles em pré-estréia mundial) na categoria principal, a Tiger Awards Competition, que são apoiados pelo fundo. "La Antena é um dos mais originais e adoráveis filmes que devem chegar em breve às telas. Além disso, por ser tão engajadamente contra o poder da mídia de massa, e por apoiar a reciclagem, é o filme perfeito para nossa noite de abertura. Está perfeitamente de acordo com nosso objetivo, de apoiar a diversidade e a originalidade", declarou a diretora do festival Sandra den Hamer. Originalidade não falta ao filme que representa o Brasil na competição oficial. É na categoria que o cinema brasileiro promete fazer muito barulho. Bog of Beasts, mais singelamente conhecido como Baixio das Bestas, de Claudio Assis, representa o que de mais ousado e pungente tem sido feito em termos cinematográficos no Brasil. Assis não passou incólume pelo último Festival de Brasília, em novembro, e, não por acaso, levou vários prêmios, incluindo de melhor filme, atriz, atriz coadjuvante e trilha sonora. Indigesto, misógino, polêmico, violento ao extremo, nada dado a sutilezas. São muitos os rótulos que tentaram pregar em Baixio das Bestas. Carece de uma segunda mirada. A platéia do ousado Roterdã vai poder ver e fazer seu julgamento no dia 30, quando o filme tem sua pré-estréia internacional. A comitiva de Baixio chega à cidade holandesa amanhã. "Estou muito feliz. Este é um festival independente mesmo. Não é de mercado. E é isso que nosso filme é Esta vai ser minha primeira vez em Roterdã, que tem fama de ser um festival que dá muita atenção a esse tipo de produção. Foi a escolha certa", comentou Claudio Assis, enquanto fazia as malas. A declaração do diretor pernambucano cai bem em vista de haver uma verdadeira corrida contra o tempo para que os filmes se encaixem nas programações dos grandes festivais de cinema que ocorrem logo no início do ano. Vide Sundance, que está sendo realizado nos EUA até o dia 29; Roterdã; e Berlim, em fevereiro. "Ficamos numa correria louca. Vários festivais acenam e não dão certeza. Mandam esperar. E não dá para ficar com o filme cozinhando. Vai que depois diz que não. No caso de Roterdã, foi diferente. Eles foram muito bacanas conosco. E mandar o filme para lá foi decisão minha mesmo. Não tinha dúvida, pois eles tratam bem dos realizadores", completa Assis, que diz estar ansioso pela recepção que seu polêmico filme terá entre a platéia européia. "Não tenho a menor idéia de como vai ser. Com Amarelo Manga em Berlim foi maravilhoso. Mas este é mais danado!" A carreira internacional de Baixio das Bestas continua em março, quando será exibido na competição do Festival de Mar del Plata. Na expectativa também está a diretora paulista Tata Amaral, que leva para a Holanda seu terceiro longa, Antônia. "A competição é só para primeiro e segundo filme. Por isso, entramos numa categoria à parte. Roterdã não desperdiça boas produções e faz seleções muito bacanas. Há até a de Filmes Estranhos. Isso é legal para o público. Antônia entrou na seleção Cinema of The World: Time&Tide, que é voltada para o público jovem. Tem projeção em escolas, debates", conta Tata, que embarca nesta quarta para Roterdã. "Além disso, há o fato de que de Antônia teve apoio da Fundação Huber Bals para finalização. Por isso, o filme já tem distribuição na Bélgica, Luxemburgo e Holanda." Longa de Cao Hamburger representa AL em Berlim Para coroar a atenção especial que o festival tradicionalmente presta às produções nacionais, neste ano, uma retrospectiva será dedicada ao curta-metragista Kléber Mendonça, diretor de pequenas jóias como Vinil Verde e Eletrodoméstica Seu mais novo curta, Noite de Sexta, Manhã de Sábado, também tem pré-estréia no festival. "Estou muito feliz e orgulhoso de fazer parte de uma seleção tão representativa", disse Cao Hamburger ao saber que seu segundo longa, O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias vai representar não só o Brasil mas a América Latina no Festival de Berlim, que começa dia 8. Produção Brasil/Argentina, O Ano integra a seleção competitiva na Berlinale. Desde 1997, com Central do Brasil, de Walter Salles, o País não concorria. O filme, inédito no exterior, terá première internacional na capital alemã. "É a melhor forma de se estrear lá fora. Mas O Ano não estaria em Berlim se não fosse esta onda positiva por que passa o cinema nacional. Estou feliz por integrar essa força que está impulsionando nossos filmes. Cada um segue sua direção, mas há uma força de união", completou Hamburger, que competirá com nomes como François Ozon. Outro brasileiro na Berlinale é Rodrigo Santoro, ator de 300 de Esparta, de Zack Snyder, que leva para a tela a graphic novel de Frank Miller (faz sua première mundial, mas fora de competição).

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