PUBLICIDADE

Humor inglês marca Festival de Locarno

The Importance of Being Earnest abriu o festival de cinema depois da meia-noite, com direito a entrevista com o diretor Oliver Parker e após a queima de fogos da festa nacional suíça

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pequena obra-prima do humor e da ironia inglesa é a transcrição feita por Oliver Parker para o cinema da peça de Oscar Wilde, The Importance of Being Earnest. O título da peça permite em inglês um jogo de palavras, pois seus dois personagens chamam-se falsamente Ernest. No Brasil, a peça recebeu a tradução de A Importância de ser Prudente, mas os italianos chegaram perto do original inglês, usando Honesto que rima com Ernesto. Locarno viu o filme depois da meia-noite, pois a cidade comemorava a festa nacional suíça, como fogos de artifício, bombinhas, buscapés e peidos de velha, no único dia em que se permite fazer barulho depois das 20 horas. Num encontro com os jornalistas, o cineasta falou de sua preferência por Oscar Wilde, cujos diálogos admira pela profundidade, mas também pela leveza. Oliver Parker fala sobre Oscar Wilde - ?O humor de Oscar Wilde continua atual como na sua época, diz Oliver Parker. Eu sempre gostei desse autor, desde minha época de ator. Isso me levou a fazer O Marido Ideal, cujo texto bastante teatral, parecia impossibilitar uma transcrição para o cinema. Esse texto é uma mistura do melodramático com uma farsa. Não é uma peça perfeita como The Importance of Being Earnest, o que me deixou a liberdade de escolher um estilo próprio no cinema. Tive oportunidade de consultar o original da peça e vi que Wilde modificara o texto apenas 6 dias antes da primeira representação. Agência Estado - Esse trabalho de adaptação já tinha sido feito com Otelo... Oliver Parker - Há dez anos, interpretei Otelo para jovens estudantes e vi que eles ficavam lendo seus livros e nem sequer olhavam para o palco. Eu não entendia a reação deles, porque a história é apaixonante e extremamente importante. Como então interessar aos jovens e mostrar-lhes que não se tratava de uma obra acadêmica? Este foi um dos motivos pelos quais passei para o mundo do cinema. Depois dessas adaptações de Wilde, acho que transcreverei uma peça de Dorian Green. O filme é inglês mas uma atriz, Reese Witherspoon, é americana e tem vivido personagens americanas, como ela aceitou trabalhar num filme vitoriano? O papel que ela vive não é americano, mas bastante dinâmico e muito parecido com os que ela já interpretou nos filmes americanos mais contemporâneos. Evitei certo jogo de maneiras da época que não se conceberiam hoje, a fim de garantir um equilíbrio. Fiz o filme com atores que conheciam muito bem as peças de Wilde. Vi Reese no filme A Eleição (Election), de Alexander Payne, uma produção norte-americana de 1999, no papel de uma criatura ingênua ou falsamente inocente e que muda o mundo do qual se aproxima. Achei que ela seria a pessoa certa. Não queria uma mulher doce e passiva, mas bem determinada e forte. Wilde é possante na escrita e fica difícil, por isso, dar aos personagens uma vida interior. É preciso usar o artifício da descontração e Reese consegue viver o papel sem uma utilizar uma maneira teatral. E com relação aos dois atores, os dois Ernestos, Rupert Everett e Colin Firth? Ambos já trabalharam juntos em outras ocasiões e eu gostaria de ter filmado a maneira como se entendem fora das filmagens, por ser algo extremamente divertido. Embora muito diferentes, eles criam uma dinâmica quando estão juntos. Rupert é um tanto ele mesmo, mas é isso que de certa maneira dá força ao filme.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.