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Humor de Daniel Burman conquista platéia de Berlim

Em El Abrazo Partido, ambientado no bairro judeu de Buenos Aires, o cineasta persegue a relação entre pai e filho e mostra ao mesmo tempo a situação crítica do país

Por Agencia Estado
Atualização:

El Abrazo Partido, do argentino Daniel Burman, foi o primeiro concorrente latino-americano a ser exibido no Festival de Berlim. O outro, a co-produção americano-colombiana Maria, Llena Eres de Gracia, de Joshua Marston, será apresentado na quarta-feira. Ambientado no bairro judeu de Buenos Aires, o filme acompanha os passos de um rapaz de 22 anos cujos planos se limitam a conseguir a cidadania polonesa e viajar para a Europa. A repercussão positiva durante e após a sessão indica que suas chances de conseguir prêmios são bastante boas. O ator uruguaio Daniel Hendler interpreta o personagem principal, Ariel, que ajuda a mãe numa loja de lingerie em uma galeria de negócios populares. Descendente de imigrantes poloneses judeus que vieram para a Argentina para fugir da guerra, ele pretende conseguir a cidadania de seus avós e fazer o caminho inverso em direção à Europa para fugir da crise. Jamais conheceu o pai, que foi defender Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1973, logo depois que nasceu. Seu grande dilema é saber sua origens. Burman constrói o drama desse personagem em torno de uma comédia de costumes ambientada em uma galeria de lojas populares situada no Once, o bairro judeu de Buenos Aires. Ao mesmo tempo em que mostra a busca do personagem por uma identidade, o cineasta revela como a crise afetou o modo de vida dos argentinos. ?Aquele lugar é como se fosse um microcosmo do país, onde pessoas de diferentes países, raças e credos convivem pacificamente?, explicou ele. Apesar disso tudo, a motivação inicial foi bem diferente. O que interessava ao diretor argentino em primeiro lugar era mostrar as dificuldades de estabelecer uma relação entre pai e filho, especialmente quando há uma interrupção prematura. ?Os laços entre mães e filhos são quase instantâneos?, comentou Burman. ?Mas o relacionamento com o pai é diferente, deve ser construído pouco a pouco. O que me interessava era mostrar como isso se forma.? Burman é conhecido do público brasileiro. Ele participou da Mostra Internacional de São Paulo de 1998 com Esperando o Messias, seu segundo longa-metragem. No ano passado, produziu Diários de Motocicleta para o diretor brasileiro Walter Salles. Seu próximo filme terá como tema a imigração européia para a Argentina no início do século 20.

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