Howard e Cate Blanchett defendem "Desaparecidas" em Berlim

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Por Agencia Estado
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Com estréia prevista para o dia 5 de março no Brasil, Desaparecidas não teve uma boa acolhida nos Estados Unidos e tenta recuperar a imagem antes do lançamento europeu entrando na concorrência pelo Urso de Ouro. O diretor Ron Howard e Cate Blanchett, que interpreta a protagonista do filme, falaram aos jornalistas reunidos aqui. Avesso a contatos com a mídia e a eventos dessa natureza, Tommy Lee Jones, o outro protagonista, não compareceu. Descrito pela imprensa local como um "faroeste metafísico", Desaparecidas tenta na verdade subverter os cânones do gênero. Ambientado no início do século 19, no Novo México, mostra as conseqüências da conquista do Oeste - e da tentativa de genocídio dos índios - na vida dos brancos americanos que colonizaram a região. "É um filme difícil de rotular", avaliou Howard. "Certamente, trata-se de um faroeste, mas o que me atraiu nesse projeto foi a possibilidade de fazer algo original e diferente." Maggie Gilkeson (Cate Blanchette) sai em busca de sua filha mais velha, raptada por uma gangue de rastreadores apaches rebelados contra o exército americano. Para isso, ela é obrigada a reatar com seu pai, Samuel Jones (Tommy Lee Jones), que a abandonara na infância para viver com os índios chiricauas. O filme acompanha a jornada de Maggie, Samuel e sua filha mais nova pelo deserto do Novo México, até as proximidades da fronteira com o México. Howard aponta o elemento espiritual como um dos principais diferenciais de sua abordagem. "E tem mais psicologia, o que o torna diferente dos faroestes convencionais", disse ele. "O que mais me atraiu nisso tudo foi a possibilidade de dar um tratamento diferente para uma história ambientada naquele período em particular, foi a disposição de criar situações que correspondessem a movimentos de nossa história contemporânea, como por exemplo o preconceito, a convivência de culturas e outras coisas." Outro assunto bastante discutido durante a entrevista foi o tema da paternidade e da maternidade, que também é uma constante na história de Desaparecidas. Mãe de um menino de dois anos de idade, Cate disse brincando que estar em Berlim é quase como tirar férias de suas tarefas maternais. Falando seriamente, a atriz acha que sua experiência como mãe tenha muito a ver com a de sua personagem no filme. "Ajuda, claro, a compor o personagem, mas tem muito mais a ver com a relação dela com o pai, o que é uma coisa completamente diferente de ser mãe." Embora Desaparecidas não tenha emocionado muito, há quem arrisque um prêmio de interpretação para Cate, já que a Academia não lhe presenteou com nenhuma indicação ao Oscar. Seria uma boa recompensa para a atriz, que acaba de encarnar Katherine Hepburn no filme de Martin Scorsese sobre Howard Hughes, The Aviator, aparece na pele da jornalista irlandesa assassinada Veronica Guerin, em Uma História de Coragem, e também em The Life Aquatic, de Wes Anderson. "É para isso que estamos aqui", disse ela, sem se fazer de rogada.

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