Hollywood e temas difíceis se reencontram no Festival de Berlim

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Por MIKE COLLETT-WHITE
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A crise financeira, a vida sob uma ditadura, o acidente nuclear de Chernobyl e a imigração na Alemanha. O Festival de Cinema de Berlim promete seu misto tradicional de entretenimento e retratos da vida real dura em 2011. O diretor do festival, Dieter Kosslick, que todos os anos busca um equilíbrio entre astros e estrelas no tapete vermelho e longas-metragens independentes e inovadores, este ano parece estar pendendo mais para estes últimos, segundo especialistas. "Berlim está reduzindo o glamour de Hollywood e intensificando o lado indie, com alguns títulos para o grande público mas muitos filmes de arte intrigantes concorrendo ao Urso de Ouro este ano", escreveu Scott Roxborough, do Hollywood Reporter. Com custo estimado de 38 milhões de dólares, um valor relativamente modesto pelos padrões de Hollywood, mas estrelado por Jeff Bridges e Matt Damon, "Bravura Indômita", dos irmãos Coen, que abrirá o festival na quinta-feira, é uma combinação das duas coisas. O remake de um Western anterior já está em cartaz nos EUA e é um dos candidatos favoritos ao Oscar deste ano, mas sua presença em Berlim fora da competição principal deve garantir o tipo de repercussão que todo grande festival de cinema necessita para fazer sucesso. Na sexta-feira, "Margin Call", o trabalho de estreia de J.C. Chandor, promete levar à telona o drama da vida real da crise financeira de 2008, com Kevin Spacey e Demi Moore, entre outros nomes, atuando no thriller sobre Wall Street. O festival de dez dias terá dois filmes sobre as experiências às vezes apavorantes de pessoas que vivem sob ditaduras. O primeiro filme da diretora Paula Markovitch, "El Premio", dentro da competição principal, conta a história de Ceci, de 7 anos, que carrega o peso de um "segredo enorme" para proteger sua família da repressão durante o regime militar da Argentina. Fora da competição principal, "The Devil's Double" (O Sósia do Diabo) traz Dominic Cooper no papel de sósia de Uday Hussein, o temido filho do ex-líder iraquiano Saddam Hussein. DESTAQUE PARA O 3D Kosslick disse que a 6a edição do festival de Berlim será menor, mas mais ousada que a de 2010 e que vai promover filmes de arte em 3D, depois de esse formato ter feito sucesso nas bilheterias nos últimos anos. O festival terá a première mundial do filme de dança de Wim Wenders, em 3D, sobre a legendária coreógrafa Pina Bausch, além da première europeia de "Cave of Forgotten Dreams" (Caverna de Sonhos Esquecidos), de Werner Herzog, sobre pinturas pré-históricas na França. Outro filme da competição será "Tales of the Night" (Contos da Noite), do diretor francês Michel Ocelot, um trabalho em 3D no qual o diretor também incorpora a animação com silhuetas lançada há quase um século pela diretora berlinense Lotte Reiniger. "Coriolanus", o primeiro trabalho como diretor do ator Ralph Fiennes, é outro filme que fará sua estréia na Berlinale. Dentro da tradição do festival de promover o debate político, vários filmes iranianos serão exibidos este ano e haverá uma homenagem ao cineasta iraniano Jafar Panahi, sentenciado em dezembro a seis anos de prisão. O festival vai culminar com a cerimônia de entrega dos prêmios, em 19 de fevereiro, quando será revelado o ganhador do Urso de Ouro de melhor filme.

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