Hollywood avalia como promover inclusão duradoura da comunidade negra

Will Ferrell, Ava DuVernay, Josh Gad, Charlize Theron e outros profissionais da indústria falam sobre como ela pode se diversificar

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Por Alicia Powell e Rollo Ross
Atualização:

Hollywood chamou atenção, negativamente, para sua própria falta de diversidade quando o movimento #OscarsSoWhite destacou a escassez de indicados negros para o principal prêmio da indústria cinematográfica em 2015.

Após os protestos em massa desencadeados pela morte de George Floyd sob custódia policial dos Estados Unidos, a indústria do entretenimento enfrenta novas críticas por não fazer o suficiente para incluir pessoas negras na frente e atrás das câmeras.

April Reign, fundadora da campanha #OscarsSoWhite, de 2015 Foto: Andre Chung/The Washington Post

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A agência Reuters perguntou a atores, diretores, escritores e produtores que mudanças eles gostariam de ver em resposta ao novo impulso pela igualdade racial no país. Abaixo, estão as respostas.

  • LL Cool J (rapper e ator):

“Gostaria de ver mais liderança em Hollywood. Gostaria de ver os afro-americanos conseguirem melhores acordos, negociarem melhores acordos, terem a possibilidade de negociar melhor. Gostei de ver muitos desses mitos desconstruídos, como toda essa ideia internacional de ‘isso não vende’ quando, na verdade, Pantera Negra faturou US$ 1 bilhão. São só mitos remanescentes de uma maneira antiquada de pensar que não se aplica mais. Acho que as regras são diferentes agora. Temos uma geração de pessoas muito espertas aqui, que defende aquilo em que acredita. E eu amo isso.”

  • Ava DuVernay (diretora, produtora e roteirista):

“À medida que a indústria reabrir em agosto e setembro, com as pessoas voltando aos sets, o resultado final é que precisamos continuar a fazer a pergunta: ‘Quando olhamos em volta, existem tipos diferentes de pessoas que refletem o mundo real nos sets em que estamos?’. Se a resposta for não, então você está falhando. Não há mais problema em pessoas que não sabem que há um problema, certo? Essa foi a primeira fase, e nós fizemos esse trabalho, certo? Todo mundo sabe que há um problema.”

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  • Tom Root (produtor e escritor):

“Vi uma composição realmente assustadora de todos os diretores de todos os estúdios e agências e a pouca representatividade das minorias. Acho que nada vai mudar até que isso mude.”

  • Yvette Nicole Brown (atriz e escritora):

“(A atriz) Amber Riley, de Glee, criou uma coisa chamada #UnmuteMe, e é uma oportunidade para pessoas de cor, negras, falarem sobre o racismo que experimentaram nos sets. E há muito racismo em sets e microagressões a agressões reais. Muitas pessoas não se manifestaram porque simplesmente não se sentiam seguras e, por isso, ela criou essa hashtag para que todos possam se manifestar e saber que estão protegidos porque estão se manifestando. Espero que isso cause uma mudança. E eu não acho que exista esse grupo de pessoas em Hollywood tentando destruir os negros. Acho que elas simplesmente não sabem que as coisas que estão dizendo e fazendo são prejudiciais. Depois que elas perceberem o que é uma microagressão, talvez possamos parar de fazer isso e criar cenários maravilhosos para todos.”

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  • April Reign (criadora da campanha #OscarsSoWhite):

“Não deve ser apenas uma questão negra. Temos uma escassez de apresentações negras na tela, mas a comunidade latinx está sofrendo ainda mais. A comunidade AAPI (asiáticos-americanos e das ilhas do Pacífico) está sofrendo ainda mais, a comunidade indígena está sofrendo ainda mais do que os negros. Espero que os estúdios ajam enquanto o assunto está quente. Não quero ver uma infinidade de filmes de resistência daqui a um ano, nos quais há alguns casais inter-raciais que encontram amor em um protesto ou alguma porcaria. Acho que há muito histórias mais profundas que precisam ser contadas.”

  • Will Ferrell (ator, produtor e escritor):

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“Espero ver e facilitar mais envolvimento, mais força para as vozes negras em todo o espectro de Hollywood. Escritores, produtores, diretores, diretores de fotografia, quase todos os cargos em Hollywood, e usar qualquer moeda que eu tenha para tentar sempre promover isso.”

  • Josh Gad (ator):

“Espero que, diferentemente de muitos momentos da História americana, isso se torne um movimento na História. Essa é a minha esperança. E talvez eu seja ingênuo, talvez muito otimista. Mas tentar abordar isso (em uma perspectiva) de um copo meio cheio, tentando fazer meu trabalho para continuar divulgando a mensagem.”

  • Rose Byrne (atriz):

“Ter mais pessoas de cor em posições de poder, seja executivos, seja criativos, em todos os setores. As porcentagens são tão baixas para pessoas de cor, e mulheres também. Acho que isso deve ser tratado imediatamente.”

  • Pierce Brosnan (ator e produtor):

“Celebração de todas as raças, celebração de toda a humanidade. Celebração de histórias, coração aberto e visão de como nossas comunidades interagem. Comunidade branca e comunidade negra. E realmente abordar os problemas e as dificuldades das comunidades negras ao longo da narrativa.”

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  • Kiki Layne (atriz):

“Responsabilize Hollywood, caramba. Eles precisam começar a ficar mais conscientes de como somos retratados, como isso nos afeta na vida cotidiana, e ser responsabilizados pelo poder que está na representação no cinema e na televisão. Então é melhor eles agirem juntos antes de voltarmos.”

  • Gina Prince-Bythewood (diretora e roteirista):

“Tivemos muitos momentos decisivos, que deveriam ter sido o momento, mas esse parece diferente. O número de telefonemas que recebi de pessoas em posições de grande poder em Hollywood me fazendo perguntas, e não ficando na defensiva quando recebem uma resposta real e honesta, mas realmente nos ouvindo. As mudanças que estão começando a ser feitas. Agora é sobre todos nós continuarmos pressionando para que este momento não se dissipe repentinamente.”

  • Charlize Theron (atriz e produtora):

“A Hollywood branca deve ser responsabilizada. Acho que esse tem sido o maior problema. As minorias não têm sido o problema em nossos setores. Elas querem contar suas histórias, mas nunca tiveram acesso ou oportunidade. Não quero fazer parte do problema e, se estou em uma posição em que posso fazer algo para corrigir isso, tenho que fazer. É a coisa certa. Nem é a coisa certa a fazer, é a melhor coisa a fazer. Isso contribui para uma melhor narrativa.”

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