Hoje é dia de "Dogville"e prêmios na Mostra

O filme do dinamarquês Lars Von Trier encerra a 27ª Mostra BR de Cinema nesta quinta-feira, após a entrega dos prêmios da competição de novos diretores e da crítica

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Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje é dia de Lars von Trier na Mostra BR de Cinema. Dogville, mais recente provocação do ex-enfant terrible dinamarquês, encerra oficialmente o festival, logo após a cerimônia de entrega dos prêmios da competição de novos diretores e dos prêmios da crítica. Trata-se de um exercício radicalíssimo de cinema, inspirado nos teleteatros americanos dos anos 50 - encenações de peças clássicas e contemporâneas exibidas na TV. No elenco, além de Nicole Kidman, uma reunião de atores consagrados, como Lauren Bacall, Ben Gazarra e James Caan. O filme acontece entre os anos 20 e 30. A pacata Dogville, situada hipoteticamente no Colorado, não existe fisicamente. Só nas demarcações desenhadas em branco no chão de um grande estúdio. Há poucos elementos cênicos, uma cadeira, um balanço, uma cama, uma escrivaninha, o suficiente para indicar as posses do habitante daquele espaço, a que classe social ele pertence e de que maneira se insere no contexto daquela comunidade. Sempre que alguém bate à porta imaginária ou a abre, o som se materializa na trilha sonora incidental. Dentro deste contexto, a forasteira Grace (Nicole Kidman), sobre quem nada se sabe, chega à cidade fugindo da máfia. E é acolhida pelos habitantes, que lhe dão abrigo em troca de trabalho. À medida que o tempo passa e a novidade vai se esvaindo, ela passa a ser explorada, maltratada e violentada pelos seus anfitriões - não importa a idade ou a classe social. Von Trier submete o espectador a essa tortura disfarçada justamente para preparar-lhe o espírito. A reviravolta começa com a chegada de um personagem inesperado, o pai-gângster de Grace, o Grande Homem (James Caan), que a encontra naquele fim de mundo escondido entre as montanhas. O que se segue é um massacre terrível, em que nenhum daqueles que abusou de Grace é poupado. Invariavelmente, a platéia aplaude entusiasticamente, colocando-se sem saber no mesmo papel dos vilões.

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