Heitor Dhalia fala sobre "Conceição"

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Por Agencia Estado
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O pernambucano Heitor Dhalia, que há oito anos trocou Recife por São Paulo, captura a energia, a religiosidade e a decadência de sua cidade natal em Conceição, seu curta-metragem de estréia. "Rodei o filme para expressar a minha saudade, esse sentimento de ex-pátria que sinto pelo Recife", contou o diretor, que subiu sábado à noite ao palco do Palácio dos Festivais em Gramado, onde foi realizada a cerimônia de entrega dos kikitos. Dhalia recebeu em nome de Antônio Pinto, responsável pela música de Conceição, o prêmio de melhor trilha sonora em curta metragem 35 mm. A estatueta de melhor filme na categoria ficou com Passadouro, produção da Paraíba que ainda levou as estatuetas de melhor fotografia e direção (para Torquato Joel). Este último prêmio foi dividido com Gustavo Spolidoro, pelo filme Outros. "Conceição é uma declaração de amor e, ao mesmo tempo, o meu primeiro exercício cinematográfico. Ele não foi feito com a pretensão de levar prêmios", disse Dhalia, que co-dirigiu o título com o paulista Renato Ciasca. Definido como "um filme sobre prostitutas e bandidos com uma santa no meio", Conceição conquistou o prêmio especial do júri no último Festival do Recife, o prêmio de direção no festival de filmes latinos em Miami e ainda ficou entre os dez preferidos do público na última Mostra Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo. Baseado em conto de Wilson Freire, o curta põe Recife em primeiro plano, destacando a cultura popular da cidade ? incluindo a devoção do povo por Nossa Senhora da Conceição. Sem a pretensão de contar uma história, o filme é extremamente ágil e divertido. "Nós queríamos uma produção despojada, que simplesmente lançasse um olhar quase de estrangeiro sobre a cidade. Uma visão que só quem não vive mais lá consegue ter", afirmou o diretor, que trabalha em dois novos projetos cinematográficos. Dhalia, atualmente redator da agência de publicidade Young & Rubicam, pretende dirigir em janeiro o seu primeiro longa-metragem, Nina. Com roteiro de sua autoria, em parceria com Marçal Aquino, Dhalia quer contar uma história sobre a solidão contemporânea nas grandes cidades. "A trama ambientada em São Paulo gira em torno de uma garota que, ao ser abandonada pelo namorado, passa a morar com uma idosa, com quem estabelece vários conflitos", adiantou. Na seqüência Dhalia espera trabalhar em projeto mais ambicioso: dirigir em parceria com Aluizio Abranches (de Um Copo de Cólera) o longa As Três Marias, com orçamento de R$ 2 milhões. Escrito por Wilson Freire, o roteiro enfoca a vingança da matriarca de uma poderosa família pernambucana. "A idéia é narrar a história em literatura de cordel", contou Dhalia, que já escalou Marieta Severo para viver a protagonista. "Até lá preciso ganhar mais experiência."

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