25 de maio de 2009 | 12h11
"The White Ribbon" (A Fita Branca), de Haneke, recebeu a cobiçada Palma de Ouro na cerimônia de encerramento do festival, na noite de domingo, e o júri elogiou o diretor de 67 anos pelo exame sutil que apresentou das raízes do terror nazista.
O jornal italiano Corriere della Sera, em sua edição de segunda-feira, descreveu o filme como "o mais anômalo, profundo e alarmante do festival", e o jornal francês Le Figaro o qualificou de "extraordinário".
Rodado em preto e branco e ambientado num povoado do norte da Alemanha na véspera da 1a Guerra Mundial, "The White Ribbon" explora a maneira como uma educação opressora pode moldar a forma de crianças pensarem e agirem.
O diretor - cujo último filme apresentado em Cannes, "Caché", não recebeu a Palma de Ouro apesar de ter sido o favorito absoluto --, insistiu que "The White Ribbon" não trata apenas da ascensão do fascismo na Alemanha, mas de qualquer tipo de fanatismo violento.
Entre o público se ouviram alguns resmungos pelo fato de o trabalho francês "Un Prophète" ter sido preterido para o primeiro prêmio.
O contundente drama carcerário de Jacques Audiard liderou as pesquisas de críticos antes da premiação. Mas recebeu o segundo prêmio, o Grand Prix.
Vários comentaristas observaram que a atriz Isabelle Huppert, que presidiu o júri, protagonizou outro filme de Haneke, "A Professora de Piano", de 2001, pelo qual ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes.
Mas a maior controvérsia em Cannes - o tipo de polêmica que costuma beneficiar o festival - foi provocada por "Anticristo", a história de Von Trier sobre um casal em luto cuja estadia numa cabana isolada vira um inferno em vida, repleta de imagens sexuais e de violência explícitas.
Vaias ruidosas na sessão para a imprensa se sobrepuseram aos poucos espectadores que aplaudiram, e muitos na plateia se disseram ofendidos com o que viram como cenas explícitas gratuitas.
Von Trier causou indignação ainda maior entre jornalistas ao declarar, em coletiva de imprensa: "Não fiz (o filme) para vocês ou para uma plateia."
Charlotte Gainsbourg, que protagoniza o filme ao lado de Willem Dafoe, levou para casa o prêmio de melhor atriz.
A cerimônia de premiação encerrou os 12 dias do festival, durante os quais a crise financeira global se refletiu numa presença pequena de astros e estrelas no tapete vermelho e nas festas pelas quais Cannes é famosa.
Vários filmes muito apreciados ficaram sem prêmio algum. Foi o caso de "Os Abraços Partidos" ("Los Abrazos Rotos"), de Pedro Almodóvar e estrelado por Penelope Cruz, e de "Bright Star", de Jane Campion, sobre o romance entre o poeta John Keats e sua amada Fanny Brawne.
Os últimos filmes exibidos na competição, incluindo a história movida a drogas "Enter the Void", de Gaspar Noe, e "Visage", do diretor taiuanês Tsai Ming-Liang, também tiveram recepção morna.
Mas, apesar das reservas da crítica em relação a alguns dos filmes, a 62a edição do festival foi amplamente vista como sucesso.
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