Halle Berry dá nova vida às Bond girls

Desde Ursula Andress que uma Bond girl não chamava tanta atenção quanto Halle Berry, no novo filme de 007, Um Novo Dia para Morrer. Halle reproduz a cena histórica de Ursula de biquíni

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Desde Ursula Andress que uma Bond girl não chamava tanta atenção quanto Halle Berry, que faz o papel da agente secreta Jinx no novo filme de 007, Um Novo Dia para Morrer. Quarenta anos depois de 007 Contra o Dr. No, a ganhadora do Oscar de melhor atriz deste ano por A Última Ceia faz uma homenagem à atriz suíça que encarnou a beldade Honey Rider. Ao mesmo tempo, consegue dar nova vida aos papéis femininos da franquia, que estavam meio em baixa desde o início dos anos 80. Por conta do sucesso, Jinx pode ganhar a própria série no cinema, um projeto que ainda está em fase de idealização. 007 volta às telas brasileiras em 10 de janeiro com uma parceira à altura. Nunca uma Bond girl chamou tanto a atenção da mídia quanto em Um Novo Dia para Morrer. Apesar de o Oscar ter rendido prestígio à atriz, a decisão de fazer o filme já tinha sido tomada na época da cerimônia. Ainda assim, Halle não menosprezou o papel. Pelo contrário, deu maturidade à personagem que nos últimos tempos tinha ganhado destaque apenas pelos shorts curtos de Denise Richards e as técnicas de artes marciais de Michelle Yeoh. O apelo sexual, no entanto, continua firme. Jinx aparece nas telas pela primeira vez em um tributo à Bond girl original, Ursula, que ficou famosa ao sair do mar da Jamaica em um biquíni branco com um cinto de utilidades da mesma cor, uma faca e duas conchas. Halle repete a cena em Cuba: o biquíni passa a ser laranja, mas a entrada causa a mesma comoção. Em 1962, no entanto, o risco era grande, porque o público não estava acostumado com cenas tão provocantes. A aposta deu certo. Apesar do sucesso mediano do filme, Ursula virou símbolo sexual internacional e foi a responsável por uma das cenas mais famosas da fraquia até hoje. O apelo sexual de sua personagem virou referência na revolução sexual pela qual o mundo passou nos anos 60. Ao mesmo tempo, foi criado o ideal da Bond girl: uma mulher exótica, bonita, sedutora, perigosa, cheia de surpresas. Bond girls boas e más entraram para as fantasias dos homens. Daí para a frente, nenhuma delas conseguiu fazer tanto sucesso quanto Ursula, mas os papéis continuaram a chamar atenção e dar oportunidades de fama internacional para atrizes de países tão distintos quanto Itália, Suécia, Israel e Rússia. O destaque quase sempre ficou para a polêmica e a quebra de tabus: em Moscou Contra 007, por exemplo, a comtrovérsia ficou com uma briga sexy entre ciganas e uma pudica cena de cama que teve de ser cortada nos Estados Unidos porque o umbigo da ex-Miss Israel Alizia Gur apareceu. No início da franquia, a Bond girl mais famosa foi também a atriz com maior experiência no cinema: Honor Blackman, de 37 anos, que era famosa na Grã-Bretanha pelo papel da agente secreta Catherine Gale na série Os Vingadores. Ela fez o papel da vilã Pussy Galore em 007 Contra Goldfinger, em 1964. O nome causou polêmica, assim como sua sexualidade ambígua. No final, claro, ela é salva do lesbianismo pelo charme de 007. Barreira racial - A barreira racial foi quebrada pela primeira vez em 1966, em 007 - Só Se Vive Duas Vezes, que teve a atriz Mie Hama no papel da japonesa Kissy Suzuki. Outra tentativa foi feita em 1972, quando a cantora Diana Ross foi considerada para o papel de Solitaire, uma garota má que se redime em Com 007 Viva e Deixe Morrer. O estúdio vetou a escolha porque 007 não podia ir para a cama com uma negra, caso contrário o filme não seria lançado, segundo eles, em 45 países, como a África do Sul do apartheid. A inglesa Jane Seymour pegou o papel, mas os produtores Harry Saltzman e Albert R. Broccoli conseguiram colocar outra Bond girl negra no filme: Gloria Hendry, que chegou a ter uma cena de sexo com Bond. Sua participação, no entanto, foi completamente censurada em versões exibidas em vários países e até no interior dos Estados Unidos. 007 só veio a dormir com uma negra novamente em 1985, no filme 007 - Na Mira dos Assassinos. Foi com a cantora Grace Jones no papel da dominadora May Day, uma das vilãs mais esquisitas da franquia até hoje. A etnia das Bond girls não ficou tão variada com o tempo. Além de Berry, a única mulher não-branca a contracenar com o agente secreto nos últimos tempos foi a chinesa Michelle Yeoh, que fez o papel da mestre em artes marciais Waio Lin em 007 - O Amanhã Nunca Morre. As Bond girls também chamaram a atenção por participar de seqüências absurdas pelas quais a franquia ficou famosa, como a morte de Jil Masterson (Shirley Eaton), que passa desta para melhor na cama, depois de ter relações sexuais - completamente coberta de tinta dourada - com o 007 de Sean Connery. A causa da morte: seus poros não conseguiram respirar. O que poucos fãs sabem é que Bond chegou a se casar: em 007 a Serviço Secreto de Sua Majestade, de 1969, com Diana Rigg (também de Os Vingadores) no papel de Tracey, a filha de um chefão do crime organizado. Em um dos finais mais trágicos da franquia, ela morre assassinada. De todas as Bond girls, uma das que menos chamou a atenção foi que teve uma presença mais firme na vida do agente secreto: a secretária Moneypenny, que foi interpretada por Lois Maxwell em 13 filmes da série. Atualmente, a personagem é da atriz Samantha Bond. Outra Bond girl recente é a veterana atriz Judi Dench, que faz desde 1995 o papel de M, a chefe do espião. Antes, o personagem era sempre um homem. Outras Bond girls famosas foram a Jill St. John (a primeira americana, em 007 - Os Diamantes São Eternos, de 1971), Lana Wood (irmã de Natalie Wood, no mesmo filme), Barbara Bach (como a agente secreta russa XXX, a primeira a ser tão poderosa quanto 007, em 007 - O Espião Que Me Amava), Maud Adams (que participou de dois filmes, 007 Contra o Homem Com a Pistola de Ouro e 007 Contra Octopussy), Tanya Roberts (de As Panteras, em 007 - Na Mira dos Assassinos), Minnie Driver (como uma cantora russa de country music em 007 Contra Goldeneye), Teri Hatcher (a Lois Lane da TV, em 007 - O Amanhã Nunca Morre) e, claro, Madonna (como uma professora de esgrima no novo filme).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.