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Há 110 anos nascia Billy Wilder; relembre 10 clássicos do cineasta

Relembre a trajetória e a obra do diretor de filmes como 'Crepúsculo dos Deuses', 'A Montanha dos Sete Abutres' e 'Pacto de Sangue'

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:
Billy Wilder: um diretor perfeito Foto: Jacqueline Godany-Files|Reuters

Ninguém, nem Billy Wilder, conseguiria viver tanto - 110 anos! Nesta quarta, 22, comemora-se o nascimento do grande cineasta em 1906, mas há controvérsia. Algumas biografias apontam que ele nasceu em Viena, filho de um hoteleiro. Outras mantém a profissão do pai, mas citam Sucha Beskidza, na Polônia, que na época integrava o império austro-húngaro. 

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O jovem Billy foi jornalista em Viena - e chegou a encontrar-se com Sigmund Freud em seu consultório, para uma reportagem, não para tratamento. Em Berlim, tornou-se roteirista, principalmente para Robert Siodmak. Com o advento do nazismo, fugiu para Paris, onde, em 1933, aos 27 anos, tornou-se diretor - Mauvaise Graine. Da França, seguiu para a 'América'. Foi roteirista do lendário Ernst Lubitsch, um gênio do humor. Em 1942, aos 36 anos, retomou a carreira de diretor, com A Incrível Suzana.

Dois anos depois, com parceria de Raymond Chandler no elenco, realiza o mais noir dos filmes noir - Pacto de Sangue. No ano seguinte, recebe o primeiro Oscar, por Farrapo de Sangue, e o roteirista, aí, já é Charles Brackett, com quem fará A Mundana e Crepúsculo dos Deuses. Brackett será o parceiro, por excelência, do Wilder noir. Segue-se uma fase intertmediárias, com filmes de diferentes tendências (comédias, dramas) e diferentes roteiristas - A Montanha dos Sete Abutres (Lesser Samuels), Inferno 17 (Edwin Blum), Sabrina (Samuel Taylor), O Pecado Mora ao Lado (George Axelrod). Na segunda metade dos anos 1950, Wilder já é um diretor de comédias, mas interrompe a série para um tributo a Agatha Christie - Testemunha de Acusação, que coescreveu com Harry Kurtnitz. E, então, em 1959, algo se passa. Wilder começa a trabalhar com I.A.L. Diamond, seu parceiro em Quanto Mais Quente Melhor. Tornam-se inseparáveis.

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Diamond será seu roteirista pelos anos e filmes seguintes, até o fim - Se Meu Apartamento Falasse, pelo qual ganhou o segundo Oscar, Cupido não Tem Bandeira, Irma La Douce, Beija-Me Idiota, Uma Loucura por Um Milhão, A Vida Íntima de Sherlock Holmes, Avanti - Amantes à Italiana, A Primeira Página, Fedora. Muitos deles são interpretados por Jack Lemmon, que vira a cara do cinema de Wilder.

Fedora, de 1978, marca o retorno aos bastidores do cinema de Crepúsculo dos Deuses e marca o canto do cisne do trio (Wilder/Diamond/Lemmon). Ainda fazem mais um filme, Amigos, Amigos, Negócios à Parte, mas nem os fãs de carteirinha aprovam. O ano é 1981. Por mais de 20 anos, até sua morte, em 2002, Wilder acumula honrarias e desenvolve projetos que não conseguirá concluir.

Poucos autores transitaram com tanto sucesso entre gêneros aparentemente tão díspares quanto o noir e a comédias. Aparentemente, porque lá e cá percebe-se o 'Wilder touch', que ele próprio definia - “Tomar um clichê e mostrar a outra face da moeda.” Ser subversivo. A Incrível Suzana já é sobre uma mulher que se disfarça como menina e provoca desejo num homem maduro. Quanto Mais Quente é sobre homens que se disfarçam como mulheres e um deles provoca uma paixão intensa num milionário. Fedora é sobre uma filha que se faz passar pela própria mãe para eternizar seu mito. Wilder sempre foi crítico da condição humana e dos sistemas (o nazismo, do qual fugiu, capitalismo e comunismo, que coexistem na Berlim de Cupido Não Tem Fronteira). Nada define melhor suas visão, do homem e do mundo, que a frase de Joe E. Brown, quando Jack Lemmon tira e disfarce e prova que não é mulher em Some Like it Hot - “Ninguém é perfeita.” Ninguém até pode ser, mas Wilder, em seus grandes filmes, era.  

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