
14 de junho de 2019 | 12h07
Com uma greve geral marcada para esta sexta-feira, 14, vale lembrar como o cinema tem abordado o tema. Confira cinco filmes – quatro ficções e um documentário – que retratam paralisações trabalhistas:
O primeiro longa de Eisenstein compõe-se de seis atos. Inicialmente, foi planejado pelo cineasta para ser a primeira parte de uma série de sete filmes, mas os seis restantes foram cancelados. Recria uma greve na Rússia pré-revolucionária, numa fábrica, em 1903, e o tema pode ser resumido como o embate entre individualismo e coletivismo. Eisenstein celebrizou-se por suas inovações de linguagem. Sua teoria de montagem – de atrações - marcou um momento decisivo de evolução do cinema. Para mostrar os efeitos da repressão contra os operários, o cineasta utiliza imagens do gado no matadouro. Quase um século depois, o filme – mudo – mantém sua força e integridade artística.
O inglês Green foi um grande cameraman, mas, como diretor, sua carreira foi mais modesta. Destacava-se de outros cineastas vindos da imagem por valorizar mais o roteiro, como neste drama social escrito por Bryan Forbes, que, logo-logo, também partiria para a direção. Na sua fase de ator, o futuro diretor Richard Attenborough, de Gandhi, fura a greve e sua vida vai para o ralo. Cenas fortes, elenco competente - além de Attenborough, também Pier Angeli, Bernard Lee e Michael Craig.
Sally Field recebeu o primeiro Oscar pelo papel como operária na indústria têxtil. As condições de trabalho na fábrica são péssimas, ela enfrenta problemas com o companheiro violento. Nesse quadro, chega o representante da federação nacional, que vem organizar a categoria. Na cena chave, Norma/Sally, demitida, rabisca num pedaço de papel 'Union' (sindicato) e as companheiras acollhem o chamado. As máquinas vão parando. Há 40 anos, o diretor Ritt fez história ao focar na greve do ângulo feminino. Ritt, vale lembrar, foi um dos esquerdistas históricos de Hollywood, tendo sofrido perseguição no macarthismo.
Em plena ditadura militar, as greves do ABC que fortaleceram a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva no movimento sindical e levaram à criação do hoje demonizado PT. Independentemente disso, um documento histórico importante, sobre um momento decisivo na redemocratização do Brasil.
Hirszman, um dos nomes históricos do Cinema Novo, baseou-se na peça de Gianfrancesco Guarnieri para fazer este filme que, na época, colheu excepcionsal sucesso de público e crítica, vencendo o troféu da Fipresci e o Grande Prêmio Especial do júri em Verneza e o Gran Coral em Veneza. Uma família dividida pela greve, o pai é um dos organizadores do movimento que o filho fura. Desfecho antológico – Fernanda Montenegro, como a mãe, cata o feijão e descarta os grãos podres.
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