Grande Zezé Motta. Foi aplaudida de pé, como homenageada especial – vencedora do troféu Grande Otelo de carreira –, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. A festa, que começou na quarta, 14, avançou pela madrugada de quinta. Foi a 18.ª edição do prêmio, e a primeira vez que ele saiu do Rio, tornando-se itinerante. O Teatro Municipal – lembrado pelo secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, como palco da Semana Modernista de 1922 –, acolheu a classe cinematográfica.
A premiação teve como tema cinema e música. Ney Latorraca e atrizes do filme Antônia apresentaram performances magníficas. O teor crítico deu o tom. Cacá Diegues, um dos vencedores da noite, lembrou que o cinema brasileiro já atravessou tempos muito mais sombrios, e sobreviveu. Stepan Nercessian, melhor ator por Chacrinha – O Velho Guerreiro, de Andrucha Waddington, dedicou seu Grande Otelo – o Oscar do cinema brasileiro – “aos que não entendem e querem destruir nosso cinema, mas não conseguirão”.
Benzinho foi o grande vitorioso. Venceu nas categorias de filme, direção (Gustavo Pizzi), roteiro original (Karine Teles e Pizzi), melhor atriz (Karine), melhor atriz coadjuvante (Adriana Esteves) e melhor montagem (Lívia Serpa).
Adriana esteve gloriosa – concorria também a melhor atriz (por Canastra Suja) e, ao subir ao palco, por um momento ficou confusa por qual papel estava sendo premiada. Começou a agradecer pelo outro, antes que caísse a ficha (ou o apresentador Rodrigo Pandolfo lhe soprasse no ouvido) e ela pusesse seu agradecimento, por Benzinho, nos trilhos.
Chacrinha, indicado para 12 prêmios, perdeu a maioria, mas venceu com honra o melhor ator, melhor filme do público e o prêmio de som, muito importante num musical.
Cacá Diegues e a mulher, a produtora Renata Magalhães, levaram um balaio de prêmios, por Grande Circo Místico, incluindo melhor roteiro adaptado (Cacá e George Moura), fotografia, direção de arte, efeitos visuais, figurino, maquiagem.
O secretário estadual de Cultura Sérgio Sá Leitão subiu ao palco com o prefeito Bruno Covas, a diretora da Spcine, Laís Bodanzky, e o secretário Youssef e antecipou, sem entrar em detalhes, um plano do governo do Estado de São Paulo que vai investir R$ 200 milhões no audiovisual. “O importante é dialogar”, disse Jorge Peregrino, presidente da Academia. Para ele, é necessário reverter os desencontros da área de cinema com o governo federal.
A festa teve produção de Oscar. O roteiro falava da trilha – o cordel – que fazia avançar a história de Deus e o Diabo na Terra do Sol e no telão apareciam as imagens do clássico de Glauber Rocha. Manuel/Geraldo Del Rey correndo para o mar, virava um ator correndo. Foram momentos de muita intensidade.
Sonia Braga reinou soberana como imagem – embalada pela canção de Chico Buarque (Que Será?) em Dona Flor e Seus Dois Maridos, Caetano Veloso (Pecado Original) em A Dama do Lotação e Chico e Antônio Carlos Jobim (Eu Te Amo), no filme homônimo.
Zezé foi buscada na plateia por dançarinos do palco. Apareceu muito jovem em cenas de Xica da Silva, o clássico de Cacá Diegues, e Tudo Bem, de Arnaldo Jabor. Agradeceu cantando a capela Missão, de João Nogueira. Foi uma bela festa. Afirmação de identidade e resistência – do audiovisual como cultura, e atividade econômica. E a premiação nacional, como acontece com o Globo de Ouro (o prêmio dos correspondentes estrangeiros de Hollywood), agora inclui séries. No ano que vem tem mais. De novo, na cidade, mas o palco, já anunciado, será a Sala São Paulo.
OS VENCEDORES
Melhor Longa-metragem de Ficção Benzinho, de Gustavo Pizzi.Melhor Longa-Metragem Documentário Ex Pajé, de Luiz Bolognesi.
Melhor Longa-Metragem Infantil Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano, de Viviane Jundi. Melhor Longa-Metragem Comédia Minha Vida em Marte, de Susana Garcia. Melhor Direção Gustavo Pizzi, por BenzinhoMelhor Atriz Karine Teles, por BenzinhoMelhor Ator Stepan Nercessian, por Chacrinha: O Velho Guerreiro (de Andrucha Waddigton)Melhor Atriz Coadjuvante Adriana Esteves, por BenzinhoMelhor Ator Coadjuvante Matheus Nachtergaele, por O Nome da Morte (de Henrique Goldman)Melhor Direção de Fotografia Gustavo Hadba, ABC, por O Grande Circo MísticoMelhor Roteiro Original Karine Teles e Gustavo Pizzi, por BenzinhoMelhor Roteiro Adaptado Carlos Diegues e George Moura, por O Grande Circo MísticoMelhor Direção de Arte Artur Pinheiro, por O Grande Circo MísticoMelhor Figurino Kika Lopes, por O Grande Circo MísticoMelhor Maquiagem Catherine Leblanc Caraes e Emmanuelle Fèvre, por O Grande Circo MísticoMelhor Efeito Visual Marcelo Siqueira, ABC e Thierry Delobel, por O Grande Circo MísticoMelhor Montagem Ficção Livia Serpa, por BenzinhoMelhor Montagem Documentário Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, por Todos os Paulos do MundoMelhor Som Jorge Saldanha, Armando Torres Jr, ABC, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por Chacrinha: O Velho GuerreiroMelhor Trilha Sonora Original Elza Soares e Alexandre Martins, por My Name is Now, Elza SoaresMelhor Trilha Sonora Zeca Baleiro, por Paraiso Perdido (de Monique Gardenberg)Melhor Longa-Metragem Estrangeiro Infiltrado na Klan/ Blackkklansman (EUA), de Spike Lee. Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner. Melhor Longa-Metragem de Animação - Menção Honrosa Peixonata - O FilmeMelhor Curta-Metragem Animação Lé com Cré, de Cassandra ReisMelhor Curta-Metragem Documentário Cor de Pele, de Livia PeriniMelhor Curta-Metragem Ficção O Órfão, de Carolina MarkowiczMelhor Série Brasileira de Animação Irmão do Jorel, de Juliano EnricoMelhor Série Brasileira de Documentário Inhotim - Arte Presente Melhor Série Brasileira de Ficção Escola de Gênios - 1ª TemporadaMelhor Longa-Metragem Ficção - Voto Popular Chacrinha: O Velho Guerreiro de Andrucha Waddington. Melhor Longa-Metragem Documentário - Voto Popular My Name Is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos Melhor Longa-Metragem Estrangeiro - Voto Popular Nasce Uma Estrela/A Star is Born (EUA), de Bradley Cooper.Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano - Voto Popular Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.