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Gramado premia Anjos do Sol e Serras da Desordem

Filmes de Rudi Lagemann e Andrea Tonacci dividiram o principal troféu do festival

Por Agencia Estado
Atualização:

O documentário Serras da Desordem, de Andréa Tonacci, e a ficção Anjos do Sol, de Rudi Lagemann, dividiram o prêmio de melhor filme do 34 º Festival de Gramado. Anjos do Sol ganhou ainda os kikitos de ator (Antonio Calloni), ator coadjuvante (Otávio Augusto) e atriz coadjuvante (Mary Sheyla), além de montagem e roteiro. Serras da Desordem ficou também com fotografia e direção. Outro documentário, Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim, ficou com o Prêmio Especial do Júri, além de levar o kikito pela música. Na parte latina do festival, o grande vencedor foi o mexicano El Violin, que recebeu os prêmios de melhor filme, ator (Don Angel Tavira) e roteiro. Outro mexicano, Mezcal, ficou com o Prêmio Especial do Júri e direção (Ignácio Ortiz Cruz). O filme argentino Cuatro Mujeres Descalzas teve premiado o conjunto do seu elenco feminino. O melhor curta em 35mm foi Alguma Coisa Assim, de Esmir Filho e, em 16mm, Terra Prometida, de Guilherme Castro. O júri da crítica premiou o curta Manual para Atropelar Cachorros e os longas Pro Dia Nascer Feliz e El Violin. Curiosamente, o júri popular elegeu os mesmos filmes, numa rara coincidência com a crítica. "Distributivismo" Numa análise de resultado, vê-se que o júri oficial dividiu-se entre o experimentalismo de Serras da Desordem, o filme mais inovador do concurso, e Anjos do Sol, aquele realizado de maneira mais tradicional e que veicula uma mensagem positiva de denúncia à prostituição infantil. Serras da Desordem fala de outra questão premente do Brasil, a preservação das culturas indígenas ameaçadas pela cobiça dos fazendeiros. É, no fundo, uma curiosa mistura de ficção e documentário. Outra característica desse júri, que atribuiu os prêmios aos filmes brasileiros, foi o distributivismo. Com exceção de Atos dos Homens, que nada recebeu, todos os outros ganharam alguma coisa. Inclusive o fraco Sonhos e Desejos, que levou o prêmio de melhor atriz para Mel Lisboa e também o troféu de direção de arte. Pro Dia Nascer Feliz, que fala dos problemas da educação no Brasil, ganhou o Prêmio Especial do Júri e música. Já o júri encarregado de avaliar os filmes latinos agiu com maior rigor. Concentrou a premiação naquele que de fato era o melhor filme, El Violin, prestigiou com vigor o outro mexicano, Mezcal, e deu a Cuatro Mujeres Descalzas o que o filme argentino tinha de melhor, o trabalho conjunto das atrizes. Ignorou o interessante, porém muito tradicional El Método e descartou o fraco Dí Buen Dia a Papá, da Bolívia. Saldo positivo Gramado atravessou grave crise este ano. Seu presidente renunciou às vésperas do evento. Foi contratada uma curadoria de fora, do Rio de Janeiro, para tentar restabelecer a credibilidade artística do evento. O nível médio da seleção foi bom, embora tenha havido concessões como a Sonhos e Desejos, o caso mais grave. Mas enfim, o nível foi melhor do que o de eventos passados. O próximo passo será trazer júris mais rigorosos, em especial para a parte dos filmes brasileiros, a mais sensível do festival, porque mais sujeita a pressões de colegas e a corporativismo. Mesmo assim, o saldo do festival é positivo. E o resultado, apesar de salomônico, não comprometeu.

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