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Gitai leva a Veneza a questão das escravas brancas

O novo filme do cineasta Amos Gitai, Promised Land aborda a importação de prostitutas européias por Israel e pela Palestina

Por Agencia Estado
Atualização:

Promised Land, o novo filme de Amos Gitai, compete pelo Leão de Ouro com um tema explosivo, se não for abuso deste termo: a importação de prostitutas do Leste Europeu pelos bordéis de Israel ou da Palestina. Escravas brancas, como se diz. Há um tom franco de documentário nesse filme tocante, que no entanto não foi muito bem recebido. No entanto, a primeira meia hora, sobretudo, é poderosa. Vemos as moças no deserto, em tomadas feitas com câmera na mão, inquietas, e fotografia claustrofóbica, apesar de as cenas se passarem em espaço aberto, no deserto do Sinai. É tudo muito violento, agressivo. E essa era uma grande questão para Gitai: precisava retratar a violência, mas sem glamourizá-la, o que virou uma complicação para os cineastas da época pós-Tarantino, apóstolo do sangue como entretenimento. E esse cinema precisa de um público que o veja e dele participe: "Não faço filme pronto, preciso de um espectador ativo, que o interprete", disse Gitai na entrevista. Palíndromos, do americano Todd Solondz, surpreendeu a platéia por seu senso de humor - e também pela estranheza. O autor provocativo de Felicidade desta vez cria uma personagem chamada Aviva, espécie de Alice que cria seu país das maravilhas tornando-se outras pessoas. Assim a vemos ora como uma menina magra de 12 anos que deseja ser mãe, ora como uma gorducha, e depois sob a forma de uma mulher negra e obesa. A imprensa presente em Veneza foi convocada para uma sessão-supresa: ninguém sabia que filme ia ver. O filme escolhido foi Binjip, novo trabalho do coreano Kim Ki-duk, que passou a ser o 22.º candidato ao Leão de Ouro, como foi comunicado no dia seguinte à projeção. Trata-se de uma obra das mais interessantes, história de um jovem que dorme em residências desocupadas até que numa delas conhece uma mulher rica e por ela se apaixona. A história é contada de modo muito original e flutua numa atmosfera entre o sonho e a realidade. Desorganização - O festival tem sido criticado pela falta de organziação. São filas e atrasos de mais de duas horas no horário dos filmes. Nem astros e estrelas são poupados. Al Pacino não tinha lugar para sentar na pré-estréia de gala de O Mercador de Veneza, no qual ele interpreta o judeu Shylock. Preocupados com a repercussão, o diretor da mostra, Marco Müller, e o diretor da Biennale de Veneza, Davide Croff, convocaram a imprensa e entregaram os culpados pela baderna: 30% a mais de público e de imprensa presentes; um computador que emitiu mais ingressos do que os disponíveis, e as medidas de segurança tomadas entre uma sessão e outra, com o controle eletrônico dos crachás.

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