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Giovanna e Gianecchini na telona

Avassaladoras é um filme leve, de verão, supostamente dirigido a um público jovem, que está em busca de diversão, e só. Com os globais Giovanna Antonelli e Gianecchini no elenco

Por Agencia Estado
Atualização:

A queixa feminina é generalizada: falta homem no mercado. E a comédia Avassaladoras, de Mara Mourão, radicaliza: falta homem até para Giovanna Antonelli. Por improvável que seja, sua personagem, Laura, uma designer de capas de livros, está sem namorado há um ano e começa a ficar preocupada. Relações amorosas são o tema principal de conversa entre Giovanna e suas três melhores amigas. Uma delas é insegura. Outra, uma devoradora de machos, a terceira é estressada e workaholic. As confusões, a futilidade, as confidências têm lá sua graça, se olhadas com certa condescendência. Mara Mourão é uma diretora paulista que agora mora no Rio. Este é seu segundo longa-metragem. O primeiro, também uma comédia, chama-se Alô?! e conta histórias de alguns trambiqueiros nacionais. Avassaladoras é um pequeno progresso em relação ao primeiro, embora quem conheça Alô?! saiba que isso não chega a ser um elogio. Em todo caso, a situação geral das personagens em relação à trama é agora um pouco mais sólida, e os esquetes, pelo menos alguns deles, são construídos de maneira menos tosca. E tem Giovanna Antonelli, que carrega o filme nas costas e prova que pode vir a ser mais que um rosto bonito - aliás bonito à beça. Em compensação (tudo na vida tem seu preço), às vezes vê-se obrigada a contracenar com Reynaldo Gianecchini, o que, convenhamos, é um desafio e tanto. Limitações - Mas seria injusto responsabilizar a performance de Gianechinni pelas limitações do filme. Claro, ele não é nenhum Laurence Olivier, mas também o elenco escalado por Mara Mourão lembra pouco o de uma companhia shakespeariana. O problema, mesmo, está no roteiro, pouco inspirado, e no rarefeito senso cômico do elenco. Por mais que Mara Mourão se empenhe em dizer que suas atrizes revelaram uma vocação cômica extraordinária, etc., não é o que se vê na tela. Aliás, a reação do público convidado para a pré-estréia do filme foi bem fria. E isso, apesar de a platéia ser composta em parte pelo elenco e amigos da diretora. Enfim, com comédia não se brinca e o gênero deveria ser deixado nas mãos de profissionais do ofício. Todo mundo sabe quanto é difícil fazer rir, mas na hora agá cineastas não hesitam em escalar amadores para comédias idem. Mas, enfim, por fraquinho que seja, Avassaladoras serve de pretexto para uma discussão interessante sobre o futuro do cinema comercial no Brasil. Sua estréia coincide com a de outro longa nacional, que corre no mesmo trilho, Surf Adventures, de Arthur Fontes. São filmes leves, de verão, supostamente dirigidos a um público jovem, que está em busca de diversão, e só. Ou seja, cinema para entreter e fazer dinheiro, sem nenhum disfarce ou camuflagem artística, o que em si já é um mérito, embora negativo. Nenhum dos dois possui qualquer tipo de veleidade intelectual, não discutem problema algum, não deixam resíduo cultural de qualquer espécie. A única justificativa que têm para existir é a resposta de público. O caso de Avassaladoras é particular. Filme de elenco, num caso específico do star system brasileiro, é puxado por gente em evidência na TV Globo, como Gianecchini e Giovana Antonelli. Quer dizer, o sucesso no cinema se coloca como função de uma visibilidade já obtida na telinha. Enfim, é conferir se os fãs da Jade de O Clone e do galã de As Filhas da Mãe irão pagar ingresso para ver a designer sem namorado vivida por Giovanna ter um caso com o don-juan interpretado por Gianechini. É a prova dos nove desse tipo específico de filme nacional. Pode dar certo, como já aconteceu com A Partilha, também ameno, mas com texto melhor.

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