Gerbase mostra "Tolerância" no Rio

Thriller "com muita ação, tiros e morte" do diretor gaúcho, estrelado por Maitê Proença, é exibido nesta terça na Première Brasil do Festival do Rio BR

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Tolerância, de Carlos Gerbase, conta a história de um casal que prega o amor livre mas entra em crise quando um deles confessa uma traição. A princípio, seria um drama intimista. Transformou-se em um thriller "com muita ação, tiros e morte", segundo o diretor. O roteiro, escrito primeiramente pelo próprio Gerbase, teve 12 versões até chegar à definitiva. No final, Jorge Furtado (de Ilha das Flores), Giba Assis Brasil (de Agosto) e Álvaro Teixeira (Verdes Anos) ajudaram a história a ter seu formato ideal. "Quanto mais gente talentosa meter a mão, é melhor para o filme", conta Gerbase. Segundo ele, se o primeiro tratamento (de dezembro de 1995) fosse filmado, seria um filme completamente diferente do que o espectador poderá ver nas telas, amanhã, durante a Première Brasil do Festival do Rio BR. "Estou supernervoso. Esse projeto é muito importante para o cinema gaúcho", diz Gerbase. A estréia nacional está prevista para o dia 10 de novembro. A Columbia Pictures, que vai distribuir o filme, está apostando no sucesso da fita. Ainda não há um número fechado, mas o longa deve estrear com 90 cópias em todo Brasil. Tolerância surgiu em 1995 com a primeira versão do roteiro. Depois, o diretor teve que esperar mais três anos para conseguir levantar dinheiro para a produção. Os recursos foram captados através da Lei do Audiovisual e da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, do Rio Grande do Sul. No total, foram gastos R$ 2 milhões com o filme. As filmagens aconteceram em 1999, no Rio Grande do Sul, e duraram 7 semanas. "Para o cinema brasileiro, esse é um valor mediano. Mas para mim, o orçamento foi algo monstruoso", diz Gerbase. O diretor não esconde que sentiu um frio na barriga quando se deu conta das dimensões que seu projeto havia tomado. Elite gaúcha - Carlos Gerbase faz parte da produtora Casa de Cinema, junto com Jorge Furtado, Giba Assis Brasil, Ana Luiza Azevedo, Luciana Tomasi e Nora Goulart. Todos fazem parte da elite do cinema gaúcho. A Casa de Cinema já produziu trabalhos importantes como Ilhas das Flores (Urso de Prata no Festival de Berlim em 1990) e Deus Ex-Machina, curta do próprio Gerbase que foi premiado nos festivais de Gramado e Brasília. Antes de Tolerância Gerbase já havia filmado dois longas-metragens: Inverno e Verdes Anos. O diretor ficou bastante satisfeito com o elenco. O casal de protagonistas é interpretado por Maitê Proença e Roberto Bomtempo. "Eu estava procurando uma atriz conhecida para fazer o papel principal. A Maitê é super-esperta e entendeu perfeitamente quem era a personagem que ia interpretar. Ela é ótima.". Também participam do elenco Maria Ribeiro, Nelson Diniz e Ana Maria Mainieri. Maitê Proença interpreta uma advogada criminalista que se envolve com um cliente. Roberto Bomtempo é Júlio, seu marido, um editor de foto de uma revista masculina. A traição da esposa acaba provocando uma grave crise familiar, que piora quando Júlio se envolvendo com Anamaria (Maria Ribeiro), uma jovem sensual amiga da filha do casal. A história é essencialmente urbana, diferente de filmes brasileiros que estão fazendo sucesso como Eu, Tu, Eles e O Auto da Compadecida. Mas isso não preocupa o diretor. "O Brasil precisa de todos os tipos de filmes mas a estética não garante o sucesso da produção. Eu falo do Brasil urbano, é o cinema que sei fazer. Não conseguiria filmar algo sobre as tradições gaúchas." A trilha sonora foi escolhida cuidadosamente pelo próprio diretor. Gerbase queria que as músicas mostrassem a cara de Porto Alegre. O diretor ouviu dezenas de CDs e no final selecionou 12 músicas de bandas já gravadas. Três foram regravadas especialmente para o filme. Carlos Gerbase, apesar do nervosismo natural, está muito confiante na recepção do público. "Quis mostrar a diferença entre o discurso e o que a gente realmente faz na prática. Mas não imponho nada, o tempo todo eu procuro dialogar com o público". Gerbase ainda não tem novos projetos definidos. Sua atenção está totalmente voltada para a carreira que Tolerância vai fazer daqui para a frente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.