Fromer tentou a bossa no início de carreira

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Por Agencia Estado
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Quando tinha 15 anos, Marcelo Fromer teve aulas de violão com Luiz Tatit, do Grupo Rumo. Gostava de tocar João Gilberto, bossa nova, e chegou até a ter aulas de clarineta, segundo contou à extinta revista Bizz. Mas, em 1985, quando os Titãs lançaram seu disco-chave, Cabeça Dinossauro, o parceiro de Marcelo Fromer, Sérgio Britto, sentenciou: "João Gilberto usa a fala, nós usamos o grito!" O que parecia uma antítese, uma geração se contrapondo a outra, acabou se revelando face de uma mesma moeda - ciclo que se fechou quando os Titãs gravaram seu disco acústico, até hoje o maior sucesso de vendas do formato no Brasil. Vendeu cerca de 1,8 milhão de cópias, segundo a gravadora Warner Music. Entre os Titãs, Fromer sempre foi o mais bossa nova, o mais boa-praça e o mais chegado num agito social. Tanto que chegou a ter um boteco nas imediações da Teodoro Sampaio, em Pinheiros, no fim dos anos 80, onde até as calçadas eram disputadas. Todo mundo ia ao Rock Dog porque queria ver a Malu Mader - na ocasião namorada de Tony Belotto - servindo às vezes de garçonete. O grupo sempre foi heterogêneo. Charles Gavin começou a tocar bateria seduzido por Deep Purple e Led Zeppelin; Arnaldo Antunes era fascinado pela Jovem Guarda; Sérgio Britto ouvia Beatles; Paulo Miklos, quem diria, começou a tocar piano por causa do Alice Cooper. Apesar da multiplicidade de fontes, começaram a ser parceiros muito cedo. Nos tempos dos concursos musicais do Colégio Equipe, Tony Belotto conheceu Branco Mello e Marcelo Fromer e os três formaram o Trio Mamão, um grupo performático que chegou a fazer shows no Bexiga. Depois, continuaram em outra banda, Maldade. Por seu turno, Arnaldo Antunes e Paulo Miklos integravam a Banda Performática de Aguilar. No começo dos anos 80, juntaram-se nos Titãs do Iê-Iê-Iê. Nando Reis tocava bateria e Paulo Miklos tocava baixo, naquela época. "Nós não tínhamos nenhum conhecimento", disse Arnaldo Antunes. "Essa precariedade de não saber tocar e a viagem das canções em si acabaram sendo a coisa mais original." Fromer foi co-autor - geralmente desenvolvia a parte musical - de alguns dos hits mais fortes dos Titãs, como Massacre e Lugar Nenhum. "Um trabalho, depois que se torna público, vai ser assimilado ou não", disse Fromer, quando o grupo lançou Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas. "A gente lutou com a maior sinceridade possível."

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