França renderá homenagem nacional a Jean-Paul Belmondo

Ator que morreu na segunda será reverenciado no Palácio Nacional Les Invalides

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Por Toni Cerdà
Atualização:

A França prestará, na quinta-feira, 9, uma homenagem nacional ao popular ator Jean-Paul Belmondo, cuja morte na segunda-feira, em Paris, aos 88 anos, ganhou as manchetes em todo o mundo e recebeu despedidas sinceras de artistas consagrados da sétima arte.

O corpo de Jean-Paul Belmondo, morto aos 88 anos, receberá homenagens noPalácio Nacional Les Invalides, em Paris. Foto: Ian Langsdon/EFE/EPA

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A presidência francesa disse que faria uma homenagem nacional a Belmondo no Palácio Nacional Les Invalides, onde o presidente Emmanuel Macron o condecorou em 2019 como um grande oficial da Legião de Honra.

"Ele era um tesouro nacional, um herói sublime e familiar, um incansável mágico da palavra", disse Mácron na segunda-feira, para quem os franceses se reconheceram no ator com rosto de boxeador.

Reservado originalmente aos militares, o pátio dos Invalides também recebe homenagens a figuras que marcaram sua época, como aconteceu em 2018 com o cantor Charles Aznavour.

A homenagem "com certeza será solene porque é assim que deve ser. Mas, ao mesmo tempo, temos que aplaudir com muito barulho", disse o ator Jean Dujardin - Oscar por O artista, em 2011 - à imprensa francesa. "Perdemos um guia", acrescentou.

Seu funeral acontecerá na sexta-feira pela manhã, em horário francês, na igreja parisiense de Saint-Germain-des-Près. Em seguida, haverá uma sessão de cremação do povo, reservada para a família, disse o advogado Michel Godest.

“É um dia triste para a cultura. Um grande ator e ícone do cinema francês e europeu nos deixou. Descanse em paz”, tuitou o ator espanhol Antonio Banderas, junto com uma imagem de Belmondo no emblemático Acossado, de 1960, com direção de Jean-Luc Godard

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Jean-Paul Belmondo é conhecido como 'o rosto da Nouvelle Vague'. Foto: Sebastien Nogier/EFE/EPA

Este filme de Jean-Luc Godard, que deixou a sua imagem para a posteridade com um cigarro entre os lábios como o sedutor criminoso Michel Poiccard, lançou-o ao estrelato e confirmou-o como um dos rostos da Nouvelle Vague.

Com uma carreira com 80 filmes, entre longas de ação a de autor, Bébel (como era conhecido) foi uma das últimas estrelas populares e representante de uma geração memorável, ao lado de Alain Delon e Brigitte Bardot.

"Penso nele, eu o amei. Sinto falta dele e não quero mais falar sobre isso, a dor mais intensa é muda", escreveu Bardot, em nota. Na segunda-feira, Delon disse que estava "completamente arrasado".

Belmondo simboliza o período de crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial, o "fim de um período difícil em que as pessoas queriam sonhar", disse o historiador de cinema Patrick Brion.

Nascido em 9 de abril de 1933 em Neuilly-sur-Seine, um subúrbio de Paris, ele cresceu em uma família de artistas. Seu pai, de origem italiana, foi um renomado escultor.

Belmondo atuou sob as ordens dos mais renomados diretores da época, como Vittorio de Sica, François Truffaut, Claude Chabrol, Alain Resnais ou Claude Lelouch, mas foi um encontro com Godard, quando ainda não tinha 30 anos, que selou seu destino.

Cena do filme 'Acossado', de Jean-Luc Godard, com Jean Seberg eJean-Paul Belmondo Foto: Zeta Filmes

Em seguida, veio o emblemático Acossado e toda uma série de sucessos como O Homem do Rio (1964), de Philippe De Broca, O Demônio as Onze Horas (1965), de Godard ou Itinerário de um Aventureiro (1988), de Lelouch, pelo qual ganhou um César de melhor ator.

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No entanto, um derrame em 2001 ofuscou sua estrela e o fez virtualmente desaparecer da tela. No início deste ano, ele foi hospitalizado por fadiga.

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