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Filmes sobre Primavera Árabe revivem dias de revolta no Egito

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Por Redação
Atualização:

Por Andrew Hammond

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DUBAI (Reuters) A primeira produção cinematográfica cobrindo os protestos no Egito e na Tunísia este ano recria a euforia das revoluções que muitos achavam que nunca aconteceriam, mas revela sinais de conflito futuros entre grupos islâmicos.

O ultimo estágio da revolta que derrubou Zine al-Abidine Ben Ali na Tunísia e as três semanas de protestos que levaram à queda de Hosni Mubarak no Egito aconteceram diante dos olhos do mundo, com a mídia e outros documentaristas em cena observando os eventos dia a dia ao contrário das revoltas como a do Irã em 1979 e a do Sudão em 1985.

Em "Tahrir Liberation Square", o documentarista italiano Stefano Savona usa um trabalho de câmera deslumbrante no meio da multidão que passou três semanas acampada no centro do Cairo, em janeiro e fevereiro, em sequências oníricas que capturam os gritos hipnóticos e ritmos dos protestos egípcios.

Percussionistas e cantores que criaram um arranjo inovador de rimas festejam durante toda a noite em um registro de eventos que enfatiza a esperança dos manifestantes, cujos ânimos nunca enfraquecem e que têm meios intermináveis para se distraírem.

Os jovens também têm discussões animadas sobre o futuro, que deu a vantagem a grupos islâmicos liderados pela Irmandade Muçulmana nas primeiras eleições livres do Egito.

"Não sei o que pensar deles (a Irmandade Muçulmana) porque tudo o que ouvimos sobre eles veio do Estado", disse uma jovem chamada Noha. "Se o futuro Estado for religioso ou não, isso não importa, o importante é que nós nos livramos do regime.

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"Depois que a notícia sobre a renúncia de Mubarak é dada, a câmera focaliza outro jovem egípcio, Ahmed, que diz em inglês: 'Agora nós teremos um estado civil (secular), não teremos um estado religioso'".

REGISTRO DE VIOLÊNCIA EM PRIMEIRA MÃO

Em "1/2 Revolution", os cineastas Omar Shargawi e Karim El-Hakim registram suas experiências da revolta de um flat no centro do Cairo. Em uma visão pessoal crua, capturam a violência das forças de segurança que controlaram a maior parte do centro do Cairo ao redor da Praça Tahrir.

A certa altura, Shargawi é espancado, e temendo por seu filho, Karim decide partir. "Só vai piorar, esse lugar vai ficar inabitável", prevê.

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Sete dias depois Mubarak renuncia, mas a rua ainda é palco de protestos políticos e confrontos vários meses depois da saída do presidente egípcio. Mais de 50 pessoas morreram só no mês de novembro em confrontos com a polícia por causa do governo militar.

Os documentários, que estão sendo exibidos no Festival Internacional de Cinema de Dubai, acabam com a alegação, frequente entre os partidários dos EUA no Oriente Médio, de que as revoltas não têm cunho antiamericano ou são instigadas por temores de política externa.

Em "1/2 Revolution", os egípcios gritam slogans anti-EUA e exibem, enfurecidos, munições e latas de gás lacrimogêneo fabricadas nos Estados Unidos. O Egito é um grande aliado dos EUA na região.

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"EUA, essa é nossa decisão, não a sua!", era a inscrição em um cartaz exibido por um manifestantes para a câmera no terceiro filme sobre a revolução egípcia, "Born on the 25th of January (Nascido em 25 de janeiro)", o dia do início dos protestos.

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